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Autoridades e profissionais da área literária se manifestam sobre questões envolvendo O Avesso da Pele

Publicado em: 02 de março de 2024 às 21:20 Atualizado em: 10 de abril de 2024 às 16:52
  • Por
    Mônica da Cruz
  • Foto: Reprodução/Facebook
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    Em seu Instagram, Jeferson Tenório disse que está acompanhando e classificou o episódio como censura

    O caso envolvendo o livro O Avesso da Pele, do autor Jeferson Tenório, e uma postagem da diretora da Escola Ernesto Alves, de Santa Cruz, segue ganhando novos capítulos.

    Ao longo deste sábado (2), autoridades de diferentes áreas e profissionais ligados a área literária utilizaram as redes sociais para se manifestarem sobre o episódio. 

    Em entrevista ao Portal Arauto, a integrante da Academia Rio-grandense de Letras, Marli Silveira, afirma que O Avesso da Pele pode ser considerada uma obra já imortalizada diante dos prêmios recebidos e das inúmeras traduções feitas para diversos países. "Importante frisar que esta literatura não se escreve, digamos assim, como uma literatura que pode ser reduzida em uma ou duas frases. É uma literatura que se escreve dentro de um repertório que quebra um certo tipo de literatura que sempre invisibilizou pessoas e grupos", avalia.

    Entenda a situação: O Avesso da Pele: entenda a polêmica envolvendo o livro e uma escola de Santa Cruz

    Com relação ao papel do livro e da literatura, Marli explica que é necessário uma mediação do conteúdo. Para ela, cabe às direções e professores criar projetos de mediação de leitura para, então, aprofundar, analisar, questionar e debater os assuntos. "Para que, justamente, a leitura de livros importantes, como o de Jeferson Tenório, não sejam reduzidos a uma interpretação frágil e superficial. Por isso, se estamos falando de literatura, temos que ter um compromisso cada vez maior de realizar projetos de mediação e trazer para a sala de aula a reflexão sobre os livros e os assuntos abordados."

    Para Marli, o episódio registrado em Santa Cruz do Sul mostra o quanto é necessário que as pessoas trabalhem, diariamente, suas humanizações. "Precisamos reiteradamente alargar os nossos afetos, nossos encontros, discussões e reflexões. Este episódio mostra o quanto ainda precisamos da mediação da linguagem, do discurso, do saber, porque desta forma você passa a sua fala, o seu entendimento para um prisma maior de pessoas e quanto mais fizermos isso, mais vamos alargar o nosso conhecimento e qualificaremos o que acreditamos e pensamos", ressalta. 

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    Além de Marli Silveira, outros pesquisadores, historiadores e autoridades nacionais se manifestaram. Entre eles, deputados federais, como Marcelo Moraes e Fernanda Melchiona, a historiadora Lilia Moritz Schwarcz e o próprio autor da obra, Jeferson Tenório.

    Ele utilizou o Instagram na tarde deste sábado e escreveu "(…) o mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras". Ainda, finalizou a publicação dizendo que "não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimento autoritário que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos."