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“A sociedade as coloca lá”, afirma coordenador do Departamento da Diversidade sobre a prostituição no Bairro Goiás

Publicado em: 19 de dezembro de 2023 às 15:13 Atualizado em: 06 de março de 2024 às 15:57
  • Por
    Emily Lara
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Mariana Schneider/Grupo Arauto
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    Em entrevista ao Portal Arauto, Ruben Quintana falou sobre a pauta bastante discutida em 2023

    Em entrevista à reportagem do Portal Arauto, o coordenador do Departamento da Diversidade, Ruben Quintana, falou sobre uma pauta bastante discutida em 2023, a prostituição no Bairro Goiás. O assunto gerou preocupação no último mês após relatos da presença de camisinhas, objetos relacionados à drogas e bebidas alcoólicas, pessoas seminuas e até fezes humanas nas ruas em frente às residências.

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    Segundo Quintana, após denúncias de moradores foi criada uma comissão interna com representantes dos órgãos de segurança pública e secretarias municipais para acompanhar e entender a situação.

    Ele ressaltou que o primeiro ponto foi conversar com as travestis que trabalhavam no local, onde elas reconheceram os abusos e incômodos causados durante a noite na vizinhança. Depois de muito diálogo, houve consenso de que algumas áreas eram menos favoráveis, até mesmo por questões de segurança, e foram realizadas mudanças.

    A prostituição não é crime no Brasil. As pessoas têm, inclusive, reconhecimento em carteira de trabalho, se quiserem. Então a gente começou a fazer esse trabalho. Elas não podem ser impedidas de estarem ali. […] Mas foi bem pacífico. A partir dali, elas começaram a reconhecer, mudou. Houve um registro de todos os esforços que realmente pararam. Hoje nós continuamos acompanhando e o diálogo continua”, reforçou.

    Ruben afirmou que o preconceito estrutural da sociedade é um dos grandes fatores que levam as mulheres trans para a prostituição

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    “As próprias meninas que estão na rua, elas estão lá porque a sociedade as coloca lá. Como eu sempre digo: a gente não tem preconceito, mas até que ponto você vai contratar uma menina trans para ser a tua babá, motorista, empregada doméstica, professora ou pediatra? Então a gente tem esse preconceito, a sociedade tem preconceito estrutural e temos que começar a lidar com isso. Hoje pouquíssimas pessoas trans no Brasil ocupam lugares dentro de empresas, instituições ou concursos públicos”, disse.