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O “contrato”: acordo assinado por investigados formalizou relação

Publicado em: 13 de fevereiro de 2025 às 11:32 Atualizado em: 13 de fevereiro de 2025 às 12:35
  • Por
    Cristiano Silva
  • Contrato foi apreendido | Foto: PF
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    Reportagem da Arauto teve acesso a documento apreendido pela PF em ofensiva que apura desvios de verbas a partir de emendas destinadas ao Ana Nery

    Denominada EmendaFest, uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (13) expôs uma investigação traçada em sigilo sobre um possível esquema de desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva, a partir de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery (HAN) de Santa Cruz do Sul.

    Desde as primeiras horas da manhã, agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão e dois mandados de busca pessoal em cidades da região, estado e até na capital federal. A reportagem da Arauto News 89,9 FM teve acesso a detalhes de um contrato firmado entre os investigados, que mostra a possível formalização do esquema. O documento indica que 6% do valor das emendas destinadas ao Ana Nery seria repassado a uma suposta empresa de captação.

    Para a PF, a empresa de captação seria de um lobista já investigado por outros delitos. Conforme as investigações, três emendas do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS), de 28 de novembro de 2023 no valor de R$ 200 mil; de 29 de novembro de 2023 no valor de R$ 200 mil; e de 15 de janeiro de 2024 no valor de R$ 670 mil; que totalizaram R$ 1,07 milhão, tiveram como destino o HAN.

    Essa destinação, porém, teria tido a intervenção do lobista investigado, que vinha prospectando possíveis beneficiários. Através de um assessor do deputado, ele teria cobrado essa porcentagem de 6% exposta no contrato, em cima dos valores a serem repassados. Segundo as apurações, o dinheiro inicialmente seria destinado para outros municípios.

    No entanto, em virtude dessa intermediação, confirmando a porcentagem com um funcionário do Hospital Ana Nery, o recurso teria mudado de destino e vindo parar em Santa Cruz. A Justiça determinou o afastamento do cargo e das funções públicas de dois investigados, além do bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas.

    Uma ordem judicial foi cumprida no Ana Nery e nas residências de funcionários em Santa Cruz do Sul e também em Venâncio Aires. Durante a ofensiva desta quinta, mais de R$ 350 mil em espécie foram apreendidos nas residências de investigados. A reportagem procurou a assessoria do Hospital Ana Nery, mas até o momento não obteve retorno.

    Veja o documento:

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