Colunista

Álvaro Werner

Ponto de Encontro

E a medalha de ouro vai para?

Publicado em: 09 de agosto de 2024 às 07:40
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Ver a ginasta brasileira mostrar essa excelência e ser honrada por suas rivais emocionou o mundo. São muitos talentos além do futebol

VAI indo para o seu final a Olimpíada de Paris 2024. Lembrando: os últimos jogos olímpicos foram realizados em Tóquio em 2021, eis que adiadas por um ano, por causa da pandemia do Covid-19 que infestava o Planeta. Para efeitos de premiação, registro histórico e sequência do calendário olímpico, foi mantido o ano de 2020. Tal como em Tóquio, a Rússia está banida das competições de Paris, em represália contra a invasão da Ucrânia. Alguns russos estão autorizados a competir de forma individual, mas não representam e nem podem ostentar nenhum símbolo nacional. Em caso de pódio o COI determinou um hino e bandeira neutra a ser hasteada. Desde 2016, na Olimpíada do Rio de Janeiro, a Rússia está fora, inclusive dos Jogos de Inverno, tudo graças à política de agressões internacionais do déspota Vladimir Putin e casos de dopping. A diplomacia do Kremlin (tem isso por lá?) sustenta que a proibição tira do COI o status de isonomia política. Nem Putin sabe o que é isonomia…

COMO todo grande evento, Paris 2024 não sai ilesa de polêmicas e confusões, já desde a cerimônia de abertura, com uma encenação que seria uma paródia da Santa Ceia, imediatamente repudiada pelos líderes do cristianismo mundial. A organização reconheceu o mau gosto da apresentação, pediu desculpas, mas disse que não se tratava de zombaria aos símbolos cristãos. Competição iniciada, por conta das políticas globais de inclusão, a boxeadora argelina(?) teve sua identidade de gênero questionada, após desferir violentos golpes na adversária italiana, que deixou o ringue após apenas 46 segundos, alegando que eram agressões de um homem. Depois desse incidente, há rumores que o boxe pode deixar de ser esporte olímpico a partir de 2028. De fato, quando dois se batem mutuamente, foge totalmente do espírito “fair play” de uma Olimpíada que se propõe alcançar o congraçamento das nações pelo esporte. Na Vila Olímpica as queixas são generalizadas: camas de papelão, colchões desconfortáveis, falta de ar-condicionado, ausência de cortina nas janelas e, pasmem, comida ruim, logo os franceses, famosos por seus gostos e pratos refinados. A organização diz que a vila foi planejada de forma sustentável e respeitando o meio ambiente. Ah, então tá…

UM dos atrativos de Paris, o famoso rio Sena foi protagonista principal do cerimonial de abertura, com desfile das embarcações conduzindo as delegações. Mas não escapou de severas críticas, depois que testes revelaram a má qualidade da água, a ponto de adiar a competição do triatlo. Cogitou-se então transformar a prova em duatlo, mas isso descaracterizaria as equipes que se prepararam para as três modalidades. A Bélgica desistiu da competição depois que um de seus atletas foi infectado por uma bactéria. A organização alega que a contaminação aconteceu em razão das fortes chuvas, porque as águas das ruas escoaram para o rio levando junto lixo urbano descartado de forma irresponsável por moradores de rua. Pois é, lá tem disso também. Nada como um dia após o outro. Não era o presidente Emmanuel Macron que vivia dando pitacos de como salvar a Amazônia?  Ora, ora, não sabe nem cuidar do seu rio…

OURO de Rebeca Andrade com desempenho perfeito no solo da ginástica, superando a americana Simone Biles, a consagrou como a maior medalhista da história olímpica brasileira. Ela que em Tóquio já tinha uma prata e um ouro e agora em Paris ela chegou mais quatro vezes ao pódio, superando os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, que tem cinco medalhas cada. No lugar mais alto do pódio Rebeca foi reverenciada pelas americanas Simone Biles e Jordan Chiles. Ver a ginasta brasileira mostrar essa excelência e ser honrada por suas rivais emocionou o mundo. E serve para balançar as estruturas do esporte no Brasil, onde existem tantas ginastas como Rebeca esperando por uma chance de realizar um sonho. Mais do que isso, políticos, autoridades, dirigentes esportivos, grandes empresários precisam reconhecer e dirigir seu olhar para outros esportes que não apenas o futebol. Existem muitos talentos a serem lapidados além do futebol. Valeu Rebeca, você trouxe de volta a motivação de se orgulhar do Brasil.