Foi entregue um documento com propostas estratégicas que estão alinhadas com os objetivos do Plano Rio Grande
A quinta-feira (11), foi de troca de experiências e debates sobre o desastre climático que ocorreu no Estado em maio, principalmente, no Vale do Rio Pardo. A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) reuniu prefeitos e representantes de 15 municípios da região para falar sobre clima e mostrar as potencialidades que a Universidade têm por meio do Centro Socioambiental.
Quem abriu o encontro foi o reitor da Universidade, Rafael Frederico Henn. Na conversa, também falando como presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), ele falou que, tanto ele, como os outros reitores, têm conversado com o Governo Federal e com o Estado e perceberam que faltam ações práticas, com exceção das emergenciais. “Vamos assinar, por meio do Comung, em parceria com a Famurs, um memorando de entendimento para que cada Universidade, através das associações dos prefeitos, nas suas regiões, se articule com a sociedade organizada, as universidades, os prefeitos, os vereadores, as indústrias, porque se nós não formos em conjunto, principalmente, com uma construção coletiva regional, a nossa percepção é que vai demorar muito para as ações acontecerem.”
Segundo o reitor, o documento inicial, feito pelo Governo do Estado, chamado Plano Rio Grande, não cita o Vale do Rio Pardo. “Possivelmente os nossos municípios entrarão, mas nós temos que ficar atentos. Então, o objetivo da reunião de hoje é nós, de uma forma coletiva, nos colocarmos à disposição de vocês, porque todos os municípios foram muito atingidos, todos os municípios terão redução da arrecadação, e nós precisamos, de uma forma organizada, fazer pressão no Governo Federal e no Governo Estadual e estamos à disposição para ajudar vocês. Além disso, os nossos técnicos podem ajudar do ponto de vista científico, de levar luzes, através da ciência, na reconstrução.”
Vice-reitora da Unisc e integrante do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Plano Rio Grande, Andreia Rosane de Moura Valim, também falou sobre a preocupação em ter mais profundidade no plano Rio Grande. O Plano tem um conjunto de projetos estruturantes que prevêem os aspectos relacionados com eventos pré-desastre e eventos pós-desastre. “Qual é a nossa grande preocupação? E por que estamos dentro da universidade olhando criticamente para o que está posto? Nossa grande preocupação é que o desenho desse Plano, ele é um desenho importante estrutural, está falando de estrutura física, e nós sabemos o quanto é complexo refazer as nossas estruturas físicas e, ao mesmo tempo, a nossa preocupação vem também da construção de perspectivas para que, caso eventos semelhantes aconteçam, nós estejamos melhor preparados. E essa preparação não é só reconstruir o que foi identificado, essa preparação perpassa pelo olhar da construção da biodiversidade, da construção de estruturas de uma forma diferente do que estão postas. Então, o nosso olhar, a nossa ação enquanto Universidade é trabalhar com os municípios aqui da região, a Universidade se coloca neste papel junto com vocês, para que possamos fazer o planejamento de uma ação imediata, mas também de uma ação mais longínqua.”
Em seguida, expôs dados o doutor em Eventos Extremos, Marcos Kazmierczak. Ele repassou informações de como estará o clima até 2040. Tanto temperatura, precipitação diária extrema, número de dias secos consecutivos, temperatura máxima e % de dias mais quentes vão aumentar na nossa região até lá. “Para 2040, na região do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), a média de precipitação passa de 308,2 milímetros para 343,5 milímetros, um aumento de 11,5%, mas não quer dizer que também não possa chover mais do que isso, como ocorre em maio.”
Outros dados repassados por ele são sobre dias quentes. Em 2040, nos municípios que compõem o Cisvale, a média de dias muito quentes passa de 38,3 dias para 68,1 dias, ou seja, um aumento de 77,8%. “Precisamos agir coletivamente, e agora! É preciso preservar, adaptar, recuperar, alertar, criar e articular.”
Em seguida, a coordenadora do Curso de Agronomia da Unisc e especialista do Centro Socioambiental da Unisc, professora Priscila Pacheco Mariani, falou sobre os processos realizados pelo Centro e a importância de ações coletivas: especificidades de cada município, respeitando as particularidades locais para soluções mais eficazes; necessidades regionais coletivas, abordando problemas comuns de forma coordenada; participação ativa de todos os municípios, envolvendo líderes locais, técnicos e a comunidade para uma gestão compartilhada e integrada.
Ainda, foi entregue, pela equipe do Centro Socioambiental, um documento com propostas estratégicas que estão alinhadas com os objetivos do Plano Rio Grande, visando promover a resiliência, sustentabilidade e desenvolvimento socioambiental no Rio Grande do Sul , com especial atenção ao Vale do Rio Pardo. O documento busca destacar a importância de novas iniciativas que contribuam para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas, a proteção dos recursos hídricos e o fortalecimento das comunidades locais. Cada proposta apresentada busca introduzir soluções inovadoras e efetivas para os desafios enfrentados pelo Estado, visando transformar e fortalecer a capacidade de resposta e adaptação.
O Centro, dentro destas propostas, já está em atividade com Plano Municipal de Saneamento Básico, Diagnóstico Socioambiental, Projeto Muda (identificação e recuperação de áreas degradadas), Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), entre outras atividades.
Participaram representantes dos municípios de Boqueirão do Leão, Candelária, Encruzilhada do Sul, General Câmara, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Sobradinho, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz.
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