Em meio ao caos a cultura age como um catalizador de energia positiva. A retomada exige alegria, esperança e fé de que tudo vai dar certo
JUNHO vai chegando ao seu ocaso. Foi o mês do rescaldo, de voltar pra casa, para os que ainda têm casa, de recuperar o que ainda é possível. Outras vidas permanecem em compasso de espera, com lágrimas marcadas da própria emoção pelos momentos dramáticos que passaram no mês de maio e que ainda persistem. Famílias inteiras, servidores públicos, funcionários de empresas, voluntários, ruralistas e anônimos dedicam-se à limpeza de casas, pátios, ruas, escolas, postos de saúde, lojas, indústrias, oficinas, recuperação de máquinas, automóveis, tratores, equipamentos rurais, etc. A ferramenta mais usada foi o rodo que era a imagem comum a ser vista nas redes sociais. As águas ainda não voltaram ao nível normal, mas, em todos desalojados ou atingidos de alguma forma o sentimento era de que o Rio Grande precisa ser reconstruído. Não há tempo a perder e ficar lamentando-se. A negação e o desânimo não podem prosperar. Mãos à obra. Desistir, jamais!
MANTER a estima e o astral em alta é mais um desafio, além de todos aqueles bem conhecidos que os gaúchos estão assumindo e batalhando desde que começou a fúria das águas de maio. Como diz a música de Kleiton & Kledir, “deu pra ti, baixo astral” estamos todos precisando de uma boa dose de otimismo e voltar a sorrir. Não é por outro motivo que o Piratini confirmou que a Expointer, a exposição consagrada do Estado, vitrine da pujança e força da agropecuária, está mantida. Da mesma forma, vai ter Acampamento Farroupilha, a mostra maior da cultura tradicionalista. Também a nossa Feira da Produção está bem encaminhada. Em decorrência das enchentes, foi adiada para 24 a 28 de julho, em data que coincide com o Dia do Colono e Motorista, este ano também sinalizando os 200 anos da Imigração Alemã. Em meio ao caos a cultura age como um catalizador de energia positiva. A retomada, a reconstrução exigem alegria, esperança e fé de que tudo vai dar certo.
COMO fala aquela música dos The Beatles, “With a litlle help from my friends” – com uma ajudinha dos meus amigos – a Província de São Pedro vai vencendo suas adversidades e não faltam nas redes sociais mensagens e exemplos de voluntários anônimos de que o bom combate está sendo feito para superar as dificuldades. De forma silente milhões de brasileiros estenderam os braços às vítimas da tragédia. Enquanto as providências palacianas demoravam, o povo foi pelo povo. Longe das lentes midiáticas o anonimato fez muito. Os gestores municipais provincianos lançaram mão de todos os recursos possíveis contando com o inestimável engajamento de empresas, de entidades assistenciais e de grupos de voluntariado. Mesmo fazendo o melhor sempre sobram críticas, intempestivas diga-se, certamente movidas por alguma capitalização política, lembrando que estamos em ano eleitoral e à medida que o pleito se aproxima, candidatos deverão despontar.
EM comentário passado fiz referência de que não era hora de procurar culpados pela situação caótica que o Estado estava em provação. De fato, preferi mencionar de que todos temos uma responsabilidade coletiva. Talvez porque não acreditamos que a enchente de 1941 não se repetiria porque dela só ouvimos falar de nossos pais e avós. De lá para cá a Natureza não se cansou de avisar, principalmente com mais veemência a partir de setembro de 2023. A responsabilidade passa pela permissividade de construir em áreas alagadiças, de obras de contenção sem manutenção e dragagem de rios que nunca foram feitas, entre outras omissões. Ademais, some-se a isto, o descarte irresponsável de lixo urbano que vai parar no esgoto. Faça-se uma caminhada pela praia ao final do dia e repare na sujeira deixada por veranistas pouco preocupados com limpeza. Com certeza leitores terão inúmeros maus exemplos que já presenciaram nos mais diversos locais. Preservar o Meio Ambiente é responsabilidade de todos. A conta pelo descaso sempre virá um dia.
Notícias relacionadas
Construção da sociedade democrática
A coligação partidária única aqui na “Villa” reuniu partidos que em outros municípios tiveram candidaturas distintas
Por Álvaro Werner
É no município que as ações acontecem de verdade
Uma das mais instigantes questões da atual campanha vera-cruzense diz respeito ao legislativo municipal. Afinal, são 82 nomes na disputa
Por Álvaro Werner
Nas águas ou em chamas
Havia certa expectativa de que poderia se repetir um aguaceiro tal como há um ano, pois setembro é historicamente lembrado pelas chuvas de “São Miguel”
Por Álvaro Werner
Sirvam as nossas façanhas, de modelo a toda Terra
O gaúcho nativo ou aquele de alma e coração que desbravou outras querências tem orgulho da história escrita com o sangue dos heróis farrapos