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Protetor das Águas: mais de 400 árvores para recuperar margens do Andréas

Publicado em: 18 de junho de 2024 às 17:28 Atualizado em: 18 de junho de 2024 às 17:30
PLANTIO DE MUDAS PRETENDE RECUPERAR MARGENS DO ARROIO | GRUPO ARAUTO
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Ação realizada nesta terça-feira contemplou três propriedades que recentemente ingressaram no programa vera-cruzense que é referência

O programa Protetor das Águas, criado em 2011 em Vera Cruz, congrega 103 produtores rurais em 106 propriedades que têm como objetivo proteger o arroio Andréas com ações simples, como o cercamento próximo das margens e o plantio de árvores, por exemplo. Três dessas áreas, que ingressaram no ano passado no programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), receberam mudas e foi efetivado o plantio na tarde desta terça-feira (18). Foram 410 mudas produzidas pela parceira Afubra, de espécies como cerejeira, araçá, branquilho, e outras, propícias para estabilizar o solo nas margens do arroio, explica a coordenadora do programa pela Prefeitura de Vera Cruz, Tanise Etges.

O plantio foi conduzido pela equipe da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e da empresa Salix, que se somou à ação. Cerca de 200 mudas foram destinadas à propriedade de Laureno Loebens, de Dona Josefa. Ele ingressou no Protetor das Águas há quase dois anos e fez o cercamento ao longo do arroio, evitando o contato do gado. Segundo Tanise, com recursos do Fundo Municipal de PSA, alimentado com 1% da tarifa de água dos vera-cruzenses, foi possível efetivar essa medida de proteção. E agora, com as mudas próximo das margens, um novo passo é dado.

Tio foi inspiração

Laureno conta que seu tio, Geraldo Finkler, foi dos primeiros vera-cruzenses a ingressar no programa, em 2011, e ao longo dos anos acompanhou a transformação que a propriedade teve por causa das ações conservacionistas. Foi o empurrãozinho para fazer parte também, “para preservar a natureza e melhorar a nossa água”, declara.

O professor Marcelo Luís Kronbauer, da Unisc, frisou que ao realizar o plantio das árvores nativas, acaba acelerando o processo de recuperação das áreas degradadas. “A ideia é que a gente consiga ir recuperando as margens, estabilizar esse solo, reduzir processos erosivos e o assoreamento”, comenta. Ainda, frisou que “a gente percebeu em outras áreas já recuperadas há mais de 13 anos o quanto ter a vegetação recuperada foi importante para manter essas áreas intactas, ou seja, no arroio Andréas e os afluentes subiu a vazão, o nível dele,  mas depois que passou o evento de chuva ele voltou exatamente na mesma calha sem assorear todo aquele leito”.

Reflexos na enchente

O Protetor das Águas também mostrou uma lição importante de preservação ambiental em decorrência da enchente de maio. Uma nota técnica, construída por Marcelo, Tanise, Walter Kuester, também da Unisc, Joana Tartari Klein, da parceira Philip Morris Brasil, e Vera Maria Nascimento, da Agência Nacional de Água e Saneamento Básico, analisou os impactos nas áreas com intervenções do programa Protetor das Águas, único em execução no modelo do Programa Produtor de Águas da ANA no estado, após os eventos climáticos extremos ocorridos entre abril e maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Apresentando uma comparação entre duas propriedades contíguas na bacia, sendo uma participante do programa Protetor das Águas e outra não.

Segundo Marcelo, o comparativo é gritante. “A gente percebeu muito claramente que as áreas que estão desprotegidas, ou seja, só com a área de potreiro ou com a lavoura de forma direta muito próxima do curso d’água,  teve processos erosivos muito grandes. E outra questão importante, às vezes o agricultor acaba perdendo propriedade, porque aquele talude que vai embora junto com a água é uma parte da terra dele que deixa de ter. Então é interessante quando a gente recupera a margem do curso d’água, a gente mantém aquele canal estável. Quando nós estabilizamos esse ambiente, menores são as chances de o rio achar um novo caminho”, reflete Marcelo Kronbauer.

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