O que aconteceria se o filho da presidenta dos Estados Unidos se apaixonasse pelo príncipe da Inglaterra? Essa é a pergunta norteadora do romance Vermelho, branco e sangue azul (Editora Seguinte, 392 páginas), de Casey McQuiston. Um livro leve e divertido, mas que aborda questões sérias como a aceitação das pessoas LGBTQIA+, e a dualidade entre a vida real das pessoas públicas e aquela que existe longe dos holofotes.
Alex Claremont-Diaz é um jovem bonito e carismático, filho da presidente dos Estados Unidos, Ellen Claremont, e considerado quase um tipo de realeza do lado de cá do Atlântico, sendo o queridinho da mídia. Quando sua família é convidada a comparecer a um casamento real do príncipe britânico Philip, ele terá que aguentar o antagonismo que sente pelo irmão mais novo do noivo, o príncipe Henry, com quem é constantemente comparado pela imprensa. Os dois jamais tiveram uma boa relação, um ficando com a pior impressão possível do outro.
A oposição chega ao ponto de ebulição durante a festa, quando um desentendimento entre eles termina com uma briga em cima do bolo de casamento. A cena é fotografada e vai parar em todos os tabloides do mundo na manhã seguinte. Para evitar uma crise diplomática entre a Inglaterra e sua antiga colônia, as famílias dos rapazes decidem organizar um golpe de marketing: fingir uma amizade entre os dois provada por fotos nas redes sociais e diversas aparições públicas juntos.
Além do fato de que Alex e Henry não se suportam e odeiam as comparações entre eles, suas diferenças parecem ficar ainda mais evidentes nesta situação forçada. No entanto, a relação de mentira começa a se tornar uma amizade real quando eles encontram muitas coisas em comum que nem sabiam que tinham, e por fim, acaba evoluindo para algo mais. Mas como os dois poderão enfrentar a opinião pública e o preconceito, além de superar todos os obstáculos já esperados de uma relação à distância entre duas pessoas tão conhecidas? É aí que a narrativa fica emocionante, e a autora não perde a chance de acrescentar cenas lindas, românticas, dramáticas e algumas reviravoltas inesperadas.
A relação secreta dos dois se torna arriscada quando a presidente inicia sua campanha de reeleição, na qual Alex está trabalhando. Além de prejudicar a posição da família, o namoro pode acabar causando repercussões que prejudiquem as duas nações. O livro faz um equilíbrio entre mostrar a restrita vida pessoal deles, e as inúmeras limitações causadas pelos deveres com os governos de seus países. Com personagens secundários encantadores, como a irmã mais nova de Alex, June, a neta do vice-presidente, Nora, e o melhor amigo de Henry, Percy, a história ganha contornos ainda mais atraentes. Casey McQuiston consegue costurar uma história espirituosa, mas que possui conteúdo e agrega dramas muito reais.
O filme Red, White & Royal Blue, baseado na história, foi lançado no ano passado com direção de Matthew Lopez e está disponível na Amazon Prime Video. Os papéis principais de Alex e Henry ficaram com os atores Taylor Zakhar Perez e Nicholas Galitzine que incorporaram muito bem a personalidade dos dois personagens e o antagonismo deles no início. A adaptação faz um excelente equilíbrio entre comédia e romance e ficou bastante fiel à narrativa original do livro. No meu caso, vi o filme primeiro e depois li o livro, e não senti nenhum prejuízo, curtindo as duas experiências. Uma história que traz um quentinho no coração.
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