Colunista

Álvaro Werner

Ponto de Encontro

Ponto de encontro

Publicado em: 11 de abril de 2024 às 17:13
compartilhe essa matéria

FERIADÃO do último fim de semana escancarou de
vez a necessidade de acelerar a duplicação da RSC-287,
que vai de Tabaí a Santa Maria. As imagens postadas nas
redes sociais comprovam filas intermináveis em ambos
sentidos da rodovia. Em alguns pontos houve “para-anda” por conta de acidentes, poucos, diga-se, com apenas
danos materiais. O congestionamento impõe maiores
cuidados ao condutor que deve limitar-se a acompanhar
o fluxo do trânsito de forma comedida, sem excessos. A
simples observação, sem análise técnica, parece indicar
que a prioridade na duplicação deveria contemplar o
trecho entre Venâncio Aires e Candelária, por ser o de
maior fluxo de veículos, até porque é uma ligação entre
o Alto Taquari, vales do Rio Pardo, Jacuí, Centro-Serra e
a RSC-153 que leva à região do Planalto Médio. Enquanto
a duplicação não avança, recomenda-se bom senso e
paciência ao colocar o possante na estrada. Boa viagem.

quem lembre nestas horas porque não temos
aqui ferrovias modernas como em países europeus,
Estados Unidos, Japão e até a China? O Brasil tinha sim
uma malha ferroviária razoável até a metade dos anos
50, mas foi sendo sucateada a partir de então quando
o governo Juscelino Kubitschek adotou o lema que governar era abrir estradas. Venceu o lobby das grandes
empreiteiras que estavam construindo Brasília e da indústria automobilística que surgia com abundante oferta
de empregos. Com o petróleo barato na época, resolveu-se priorizar o transporte por automóveis, ônibus e
caminhões. Coincidência ou não, no início dos anos 60
chegava também a era dos aviões a jato, dando notável
impulso às companhias aéreas. As ferrovias foram sendo
relegadas e hoje velhas estações são preservadas como
memória de uma época romântica em que a chegada
do trem era aguardada para recepcionar familiares e
inteirar-se das novidades que traziam junto. Good times.

DE volta às estradas, os governos à medida em que
esqueceram as ferrovias, destinavam maiores investimentos na construção de rodovias. Com automóveis
modernos à disposição das famílias, o sonho era cruzar
Brasil afora em novas estradas asfaltadas. O estado
ganhou a sua free-way, quatro pistas com velocidade
liberada encurtando o tempo e distância para chegar
às praias do litoral norte. Veio a crise do petróleo nos
anos 70 e colocou uma ducha de água fria na política
de transportes. Postos de combustíveis fechavam nos
fins de semana freando a circulação de veículos. A construção de estradas entrou em “stand by”. Construtoras
rodoviárias entraram em colapso. A conservação ganhou
o pomposo nome de “operação tapa buracos” o que
persiste até hoje. Atualmente o poder público não tem
meios financeiros nem para manter a malha rodoviária
em condições aceitáveis de tráfego. A solução foi conceder à iniciativa privada, com todos prós e contras que
conhecemos.

FATO é que o modal rodoviário, mal conservado ou
não, com ou sem concessões, ainda é a principal via de
transporte no Brasil. Tanto movimenta pessoas e famílias
como faz o escoamento da produção nacional. Carros,
caminhões e coletivos convivem com as mesmas rodovias
e em virtude do uso cada vez mais intenso precisam de
manutenção constante a fim de que estejam sempre trafegáveis e seguras. Nas rodovias concedidas à iniciativa
privada a conservação é satisfatória, mas os investimentos
em duplicação são lentos, por diversos motivos, desde
técnicos, ambientais, financeiros, burocráticos e outros
entraves. Já naquelas de responsabilidade estatal, como a
RSC-153, entre Vera Cruz e Barros Cassal, a Confederação
Nacional dos Transportes a considerou como uma das
piores do Brasil. E dizer que é uma estrada relativamente
nova, entregue em 2010, convidativa para belos passeios
por entre paisagens. A realidade agora é outra.