Polícia

Caso Francine: Com júri marcado, saiba detalhes do inquérito que indiciou o autor do crime

Publicado em: 22 de agosto de 2022 às 08:42 Atualizado em: 04 de março de 2024 às 08:41
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Eduardo Wachholtz/Portal Arauto
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    São sete pessoas da comunidade que definem o futuro do homem, de 62 anos, acusado de estuprar e matar a jovem

    Um dos casos mais comentados pela comunidade regional nos últimos anos terá um novo episódio em novembro. Em cerca de três meses, os representantes de Jair Menezes Rosa, apresentam as teses de defesa para conselho de sentença. São sete pessoas da comunidade que definem o futuro do homem, de 62 anos, acusado de estuprar e matar, em 12 de agosto de 2018, Francine Rocha Ribeiro.

    O caminho que leva Jair até o Fórum de Santa Cruz do Sul é longo e começa poucas horas depois que o corpo da jovem, de 24 anos, foi encontrado. O comissário Orlando Brito de Campos Júnior lembrou da investigação durante entrevista exclusiva ao Portal Arauto. O policial faz parte da equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) do município e participou ativamente das ações.

    Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, entre 15h e 17h, no Parque do Lago Dourado, o denunciado se escondeu na mata e, quando viu a vítima caminhando na pista, sozinha, a arrastou para o interior da região dominada por árvores. O documento coloca que Jair teria tirado as roupas e, em seguida, estuprado ela. Depois do crime sexual, o homem teria matado Francine asfixiada.

    Durante o processo judicial, o réu negou a prática dos crimes. Ele afirmou que foi pescar ao lado do Lago Dourado, por volta das 13h, logo depois do churrasco do Dia dos Pais. De acordo com o relato feito, ele permaneceu no local cerca de 1h30min e arrumou seus anzóis para ir embora. Naquele momento, um rapaz, portando uma arma de fogo e que já estava ameaçando Francine, teria obrigado ele a se juntar aos dois.

    Jair disse que homem armado obrigou a jovem a deitar, a amarrou pelos braços, em uma árvore, e desferiu três chutes em seu estômago. Ao ser questionado a respeito de seu material genético, encontrado no corpo da vítima, o acusado acrescentou que o indivíduo ordenou que ele mantivesse relação sexual com ela. O réu relatou que ficou em pé e se masturbou, mas que não sabe como o sêmen foi localizado perto da vagina, nos seios e em outras partes do corpo.

    A manifestação, disponível em documentos públicos do Tribunal de Justiça segue com a fala. Ele teria conseguido escapar depois que o indivíduo resvalou, não tendo visto o que aconteceu depois disso. Por fim, reiterou que não viu como ocorreu a morte da vítima e falou que guardou segredo e não chamou a polícia porque “só queria ir para casa, não queria saber de mais nada e deu um branco”.

    De acordo com Orlando Brito de Campos Júnior, o trabalho da Polícia Civil teve início com a coleta de provas no local. Durante as diligências de campo, um agente da Guarda Municipal percebeu que havia um animal preso em uma espécie de alçapão. Foi ventilada a hipótese de que a pessoa que colocou aquela armadilha pudesse ter alguma informação e auxiliar nas investigações.

    Localizar os caçadores foi um desafio para os policiais porque a captura de animais, naquele espaço, se tratava de um crime ambiental. “Não era nossa intenção naquele momento prejudicar essas pessoas. Nós tínhamos uma situação bem mais bem mais grave a apurar”, expôs. Depois de buscas, foi possível localizar dois homens que costumam frequentar o espaço e eles confirmaram que aquele alçapão era deles.

    Os rapazes afirmaram que, no horário definido como de morte de Francine, havia outro elemento naquele local. Jair teria passado por eles rapidamente e, mesmo chamando pelo nome em diferentes oportunidades, ele teria ignorado. “Ele foi levado à delegacia e nos referiu e não estava lá no local. Eu percebi, naquele momento, que o indivíduo se apresentava nervoso”, lembrou Orlando.

    Com base nos depoimentos, Jair foi encaminhado Departamento Médico Legal (DML) e dele foi colhido o material. O exame feito pelos peritos demonstrou que o perfil genético era o mesmo dos dois pelos encontrados no corpo de Francine. Desde então, o homem está preso de forma preventiva. Em diferentes momentos dos últimos anos, a defesa pediu para que o réu fosse posto em liberdade provisória. 

    Pelo que Jair responde

    O homem está sendo acusado de furto, já que teria levado o celular e outros pertences de Francine, estupro e homicídio quadruplamente qualificado. O MP pede a condenação de Jair Menezes Rosa pelo crime de assassinato, com as qualificadoras de feminicídio, meio cruel, uso de recurso de impossibilitou a defesa da vítima e ocultação da prática de outro crime. Com as isso, caso seja condenado, a pena pode sofrer aumento.

    Manifestação do advogado

    Mateus Porto é o responsável por representar os interesses de Jair Menezes Rosa, atualmente recolhido no Presídio Estadual de Candelária. Procurado pela reportagem, o profissional se limitou a dizer que, desde o início, o réu afirma que é inocente. “Posso adiantar que a versão do acusado é negativa de autoria. No mais, os argumentos de defesa serão oportunamente apresentados durante a sessão plenária no júri”, manifestou.