A hora é de buscar forças, unir esforços, reconstruir o Estado e honrar a solidariedade que nos foi confiada por todo o país. Venceremos.
MAIO chega ao seu ocaso. Um mês que muitos gostariam que fosse esquecido, mas que não será assim tão fácil. Marcas da tragédia climática sem precedentes que assolou a Província e que atingiram profundamente milhares de famílias permanecerão por tempo indefinido para ser superado. Lares construídos ao longo de anos a fio com sacrifício de economias e trabalho árduo, foram arrasados em questão de horas, junto com mobília, eletrodomésticos e pertences que representam também um valor pessoal, estimativo e sentimental. Além das perdas materiais, famílias choram por vidas de entes queridos perdidas nas águas torrenciais ou soterradas por deslizamentos.
Com rios baixando há ainda o perigo de contrair doenças como a leptospirose e hepatite que representam séria ameaça à saúde pública. A destruição de casas, bens e objetos pessoais pode também desencadear problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e traumas que exigirão tratamento com profissionais da área.
DIANTE da catástrofe das águas o Brasil se mobilizou. A comoção atingiu o sentimento dos brasileiros que não ficaram indiferentes diante das imagens impactantes e devastadoras que percorreram todos os meios de mídia. Carretas de ajuda humanitária partiram dos mais distantes lugares, inclusive de Brumadinho, MG, que em 2019 foi inteiramente arrasada com o rompimento de uma barragem. De Chapecó, SC, o prefeito João Rodrigues tomou a frente de um comboio de máquinas, caminhões, equipamentos, juntamente com servidores e voluntários executou a remoção de entulhos em Arroio do Meio.
Da mesma forma, milhares de pessoas imbuídas de um sentimento altruísta se voluntariaram e se engajaram nesse exército da boa vontade, muitos arriscando suas próprias vidas em arriscadas ações de salvamento de famílias, e de “pets” também, diga-se. Outros dedicando incontáveis horas selecionando roupas, preparando marmitas, recepcionando, abraçando e dando alento aos desalojados. Heróis anônimos.
COM o solo encharcado, saturado, por mais acanhada que seja a chuva, a menor invasão de águas pode atormentar a vida de quem quer voltar pra casa, ao seu comércio, à sua atividade profissional. Confiando de que ainda haja uma casa para retornar, enquanto outros perderam tudo e estão à espera de uma chance para recomeçar em um novo local. A reconstrução, o recomeço é um momento muito difícil, delicado, porque ainda não assimilaram toda a tragédia de que foram vítimas.
O desalento é o sentimento que se assomou e vai levar um bom tempo para se transformar em otimismo diante do choque de realidade. Com certeza não faltarão às famílias em condições de perda total o apoio de parentes, de amigos próximos e do poder público, até porque não lhes passa a imagem de depender sempre de caridade alheia. É compreensível pois, que o momento da retomada seja complexo, relutante, receoso. Um ciclo de vida foi tragado pelas águas. É preciso determinação para uma nova era.
JUNTO da catástrofe ambiental do Rio Grande, revelaram-se as faces da Humanidade. Alheios ao sofrimento das famílias, a bandidagem covarde depredou e saqueou casas abandonadas levando o pouco que ainda sobrou. Roubaram acintosamente barcos de resgate até de socorristas de outros estados, ameaçaram voluntários para roubar mercadorias doadas, criaram fake news solicitando Pix usando comoventes imagens de resgates. Candidatos às próximas eleições desviaram donativos para favorecer eleitores em troca de votos. Trata-se de uma minoria e muitos já foram identificados e presos.
Precisamos sim, reconhecer o gigantesco trabalho dos socorristas e voluntários que não têm medido esforços e dedicação em ações de salvamento e acolhimento de desalojados. Também não é hora de procurar culpados pela tragédia, até porque prefiro antes acreditar em responsabilidade coletiva. A hora é de buscar força e honrar a solidariedade que o Brasil confiou. O Caramelo altivo é o símbolo da resiliência do Rio Grande que vai à luta. Mostremos valor constância…
Notícias relacionadas
Chegou a maratona natalina
Talvez a campanha por compras ajude a diminuir a pressão psicológica residual da destruição das águas e deixe as pessoas mais confiantes
Por Álvaro Werner
O retorno da fita K-7
Na metade dos anos 60, surgia a fita gravável, acondicionada em um formato apropriado, compacta, acessível, que se levava para gravar
Por Álvaro Werner
Tempos de turbulência os que vivemos
O terrorismo urbano cresce, quadrilhas e milícias se enfrentando, casas e condomínios sendo invadidos por facções do tráfico
Por Álvaro Werner
Um Natal de tranquilidade é a nossa prece
Com a data máxima da Cristandade se aproximando, boa parte das famílias perde o sono porque o endividamento é uma realidade persistente