Diversos agricultores perderam 100% da safra em decorrência das fortes chuvas
Perdas pontuais de safra, degradação do solo e bloqueios das rodovias são os principais impactos causados pelas fortes chuvas de maio às cadeias produtivas de trigo e soja do Rio Grande do Sul. Essa é a avaliação de entidades representativas dos dois setores apresentada durante reunião conjunta das câmaras setoriais, promovida nessa segunda-feira (27), de forma remota, pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
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A colheita da soja já estava se aproximando da conclusão, quando ocorreram as enchentes, que provocaram perdas no fim da safra. “No total do Estado, a perda não vai parecer significativa. Mas estamos falando de vários produtores que perderam tudo, 100% da safra. Então, é preciso cuidado ao observar esses dados. Não dá para tratar de forma igual os diferentes”, pontuou o assistente técnico em culturas da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar), Alencar Rugeri.
Mesmo com a safra colhida e armazenada, outro problema trazido pelas enchentes preocupa o setor: o escoamento da produção, já que a malha rodoviária precisa ser recuperada em vários pontos do Estado. “O desafio atual será tirar o grão dos armazéns e fazê-lo chegar ao Porto do Rio Grande”, avaliou o coordenador da Câmara Setorial da Soja, Nereo Starlick.
Para o trigo, que está em período de semeadura, as chuvas trouxeram como consequência a degradação do solo cultivável. “Desde as chuvas de setembro e de novembro do ano passado que estamos com uma erosão absurda no sol. Já plantamos soja com dificuldade extrema. Agora, então, piorou. O produtor ainda terá que lidar com a recuperação da fertilidade do solo”, explicou o diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.
As estimativas da produção de trigo para a próxima safra, por causa da escassez de sementes, já registravam uma queda, em comparação com a área cultivada no ano passado, que chegou a 1,5 milhão de hectares.
Entre os encaminhamentos das câmaras setoriais para as reuniões das Câmaras Nacionais do Trigo e da Soja estão: requisição de linhas de crédito específicas para reconstrução a produtores rurais que perderam tudo; linhas de crédito para recuperação de áreas degradadas; prorrogação da Resolução 5.123 do Conselho Monetário Nacional, que renegocia parcelas de operações de crédito rural de investimento, além da inclusão de outras culturas, como as de frutas, de arroz e de trigo; recuperação das rodovias federais no RS, para não haver problemas no escoamento da produção agrícola.
Participaram da reunião representantes dos seguintes órgãos e entidades: secretarias da Fazenda e de Desenvolvimento Econômico, Badesul, Banrisul, BRDE, Banco do Brasil, Companhia Nacional de Abastecimento, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Emater/RS-Ascar, Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul, Sindicato da Indústria do Trigo, Bolsa Brasileira de Mercadorias, Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul e Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul.
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