Culturas de grãos, como milho e soja, são as mais prejudicadas
Com a falta de chuva ao longo do mês de dezembro, falar de alguma cultura mais prejudicada é difícil, pois a maioria delas está sofrendo hoje devido às condições climáticas. Na região, a seca afeta, principalmente, a cultura de grãos e a produção de tabaco. O milho plantado do cedo, por exemplo, está na fase de espigamento. “É uma fase crítica”, avalia o engenheiro agrônomo Alberto Evangelho Pinheiro, da Emater/RS-Ascar de Vera Cruz.
Antes, a fase de polinização também sofreu consequências, pois não encheram os grãos que estavam mais adiantados. “Nas lavouras mais afetadas, a planta como um todo está morrendo”, conta. “Têm plantações inteiras que vemos que estão secando”, completa. É o que aconteceu na propriedade de Jorassi Severo, moradora de Linha Henrique D’Ávila, no interior de Vera Cruz, que acredita ter perda total na lavoura de milho.
Ela realizou o plantio do grão em meados de setembro, mas com a falta de chuva, a espiga não se desenvolveu. “O pé tem tamanho, mas está muito seco. Como faltou chuva há cerca de duas semanas, a espiga não conseguiu desenvolver”, relata.
São cerca de 3,5 hectares destinados ao cultivo do grão. Desses, Jorassi tem seguro de 2,3 hectares devido a um financiamento que fez. Já o restante, se confirmar a perda total, trará prejuízos maiores. O milho, além de servir para o consumo aos animais da propriedade, é comercializado. A vera-cruzense lamenta por se dedicar tanto e não conseguir ver o resultado. “São sete anos plantado milho e nunca vi algo assim”, diz.
Manejo do solo pode ou não interferir na estiagem
Em tempos em que após ter ocorrido chuvas intensas, o período é de seca, vale lembrar das condições das lavouras, dos diferentes manejos e que fazem com que o plantio sofra mais ou menos com a falta de água, conhecido como estresse hídrico.
Para quem tem o sistema de irrigação não há prejuízos. Mas os produtores podem evitar ou retardar a perda devido à estiagem com algumas técnicas ligadas ao próprio manejo do solo, conforme aponta o engenheiro agrônomo Alberto Pinheiro. “Um solo que é bem manejado, que tem uma cobertura de palhada, tem maior infiltração. Escorre menos água por cima, e o solo filtra mais, garantindo que a terra permaneça úmida por mais tempo. Assim, a planta tem uma reserva maior de água”, esclarece.
As próprias raízes das plantas e a água infiltram mais profundamente. “As raízes vão para uma camada mais profunda, buscando essa água. Essas lavouras têm menos propensão de sofrer com a estiagem”, frisa.
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