Exú Bará

Estátua em homenagem às religiões de matriz africana não será construída em Santa Cruz

Publicado em: 19 de fevereiro de 2025 às 07:18 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2025 às 17:10
  • Por
    Emily Lara
  • Desenho que iria inspirar a construção da estátua
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    Proposta foi apresentada durante a gestão da ex-prefeita Helena Hermany e gerou polêmica na época

    Em entrevista à Arauto News 89,9 FM, os representantes do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Santa Cruz, Leandro Liban e Moa Fanfa, confirmaram que o projeto de construção de uma estátua em homenagem às religiões de matriz africana foi interrompido e não deve avançar. A proposta, que previa a construção de uma imagem de Exú Bará, foi apresentada durante a gestão da ex-prefeita Helena Hermany e gerou polêmica na época.

    Segundo Moa Fanfa, a iniciativa foi alvo de intensa repercussão negativa no último ano e, diante da mudança de governo, também não deve avançar na nova gestão. “Dificilmente vai avançar com essa nova gestão, dificilmente. Não digo que não vá, mas é mais difícil. A gente, por enquanto, não vai abordar esse assunto. Nós temos outras prioridades”, afirmou.

    No momento, o conselho prioriza outras demandas e não pretende retomar o projeto da estátua. No entanto, segue lutando contra as manifestações de intolerância religiosa relacionadas ao tema. Moa Fanfa destacou que foram registradas queixas na Polícia Civil contra pessoas que publicaram comentários ofensivos nas redes sociais. “Nós queremos reparação por aquela agressão da internauta. Não sei qual é a dificuldade da polícia identificar ela, não tem perfil fake ali. A gente quer uma reparação sobre aquele ato, porque ela expôs o povo de terreiro ao ódio, associando a uma entidade que não é da macumba, isso é do cristianismo. O diabo, para mim, não existe. Só que essa questão aí é pejorativa e nos expõe ao repúdio da comunidade, porque a sociedade tem uma formação cristã muito forte, isso é muito ruim para nós”, explicou.

    Ainda, o debate sobre a construção da estátua trouxe à tona o racismo religioso. Segundo os representantes do conselho, a sociedade demonstra uma hipocrisia ao aceitar imagens católicas em espaços públicos sem contestações, enquanto elementos culturais e religiosos de matriz africana geram grande repercussão negativa. “É a hipocrisia da sociedade, isso é racismo religioso, supremacismo”, concluiu.

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