Operação investiga irregularidades em cobranças de royalties da exploração mineral
Durou pouco mais de uma hora e meia o depoimento do pastor Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, nesta sexta-feira (16) na Polícia Federal, em São Paulo. Malafaia foi levado coercitivamente para depor, durante a Operação Timóteo, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga irregularidades em cobranças de royalties da exploração mineral.
O pastor chegou à sede da Superintendência da Polícia Federal por volta das 16h e deixou o local pouco antes das 18h. Ele parou para falar com jornalistas ao chegar e ao sair do local.
Ao deixar a superintendência, ele disse ter esclarecido ao delegado da Polícia Federal que não praticou irregularidades. O pastor confirmou que recebeu um cheque no valor de R$ 100 mil em sua conta pessoal. Mas informou que esse cheque foi recebido por meio de uma oferta pessoal por ter orado para um empresário e que, só agora, soube que o doador está envolvido em irregularidades e é investigado na operação. Malafaia disse que conheceu o empresário por meio de seu amigo e também pastor Michael Abud.
“Foi tudo esclarecido. O delegado, muito competente, perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi tudo”, disse Malafaia. “Sou suspeito de usar contas da minha instituição? Lembrei-me de ter recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que levou um membro dele [o empresário] para fazer uma oferta, e eu vou desconfiar que o cara está envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud, sabe do envolvimento desse cara, tenho certeza”. Segundo Silas Malafaia, é muito difícil para as organizações e entidades religiosas saber se a origem do dinheiro de doações é ilegal.
Malafaia disse que vai esperar o final das investigações para analisar o que fará sobre o fato de ter sido alvo da operação. “Vou até o final, porque quem é, amanhã, que vai me dar toda essa mídia se encerrar [a investigação] e vocês falarem: 'olha, pastor, encerraram e não tem nada contra o senhor'? Eu vivo de conceito da opinião pública. Vivo disso. Recebo ofertas de milhares e centenas de milhares das pessoas. E quem é que vai recuperar isso? Quem é que vai recuperar o dano que está me causando, e quem vai recuperar a minha honra?”
Indagado por jornalistas se não seria, então, o caso de devolver o dinheiro, de fonte ilegal, que foi depositado em sua conta, Malafaia respondeu: “Se, de fato, é um dinheiro ilícito, é claro que eu devolveria. Não preciso de roubo”. No entanto, ele acrescentou que não teria como devolver um dinheiro, fruto de doação, se ele não sabe a origem do dinheiro. “Vou devolver o que, se recebi uma oferta? Ninguém devolve oferta. Você recebe as ofertas e não sabe quem é o cara que dá. Se a Justiça mandar eu devolver um valor, eu vou devolver.”
Exaltado, o pastor reclamou de ter sido conduzido coercitivamente para depor hoje. “Aonde vai o Estado Democrático de Direito? Nem na ditadura fizeram isso contra um cidadão. Estou indignado, sou um cidadão. Quer dizer que jogam o nome da pessoa na lama?”, questionou.
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