Colunista

Álvaro Werner

Ponto de Encontro

Vamos superar

Publicado em: 17 de maio de 2024 às 09:42 Atualizado em: 17 de maio de 2024 às 09:42
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Nesta tragédia sem precedentes, a resiliência e a força do povo gaúcho mais uma vez mostram a sua face. Abraçado pelo Brasil, o Rio Grande do Sul superará.

HOJE é pouco mais de três semanas de um pesadelo. Aliás, não é um pesadelo. É a realidade. No pesadelo, acordamos e nos sentimos aliviados de que a aflição passou. Seria um sonho ruim, como ensinamos às crianças. A realidade nos coloca diante de um cenário jamais visto na nossa Província de São Pedro.

A tragédia que estamos passando e tentando de todas as formas corajosamente superar nem mesmo os mais precisos prognósticos meteorológicos estavam prevendo. Anunciaram sim, é verdade, chuvas muito volumosas mesmo, e que a Defesa Civil dos municípios deveria estar em alerta. De fato, o monitoramento dos rios aconteceu em tempo real.

Contudo, estava longe de enfrentar uma enchente de proporções épicas em tão poucas horas. Muitas famílias ainda conseguiram sair a tempo, deixando tudo para trás. O envolvimento de voluntários e as cenas de heroísmo foram mostradas exaustivamente nas mídias. Heróis sem capa, como se referem, carinhosamente.

O BRASIL, do Caburaí ao Chuí, está na torcida para que as águas voltem ao nível de normalidade, que as cidades possam remover a lama das ruas, que as famílias retornem às suas casas e que retomem a rotina. É o que todos querem. Infelizmente, não será bem assim, pois milhares de famílias já não têm mais suas casas, eis que levadas pela turbulência das águas. As que restaram, foram saqueadas pela bandidagem covarde que age sorrateira e impunemente nas tragédias.

A catástrofe que estamos passando têm uma dimensão imensurável e o nosso Rio Grande ainda levará muito tempo para ser reconstruído. Pois um novo Estado pode estar surgindo do meio da lama, dos escombros e entulhos, mas que exigirá um trabalho gigantesco e único, que precisa capitalizar todas as forças econômicas, sociais e políticas. Interesses ideológicos e ativismos improdutivos devem baixar suas armas, ou não seremos capazes de novas façanhas. O Brasil inteiro está nos socorrendo. Honrar essa ajuda é um dever que se impõe.

POR onde começar? Enquanto não for adotado um plano estadual de reestruturação, de particularidades regionais e específicas, os municípios terão que adotar as providências iniciais cabíveis, como sempre, diga-se. As comunidades mais afetadas haverão, obrigatoriamente, de revisar sua política de expansão urbana delimitando áreas que foram inundadas como “non aedificandi”.

Identificar encostas com risco de deslizamento, arroios que necessitam de desassoreamento, pontes que carecem de reforço na estrutura, formação de organização não governamental para acionamento em situações emergenciais, manter e promover o reequipamento da Defesa Civil e dos Bombeiros da cidade. Parece ser o óbvio, no entanto, desde setembro de 2023, estas tragédias vêm sendo repetitivas e pouco tem sido feito para diminuir suas consequências. Lembra-se o exemplo de Nova Roma do Sul, onde a própria comunidade reconstruiu a ponte sobre o rio das Antas. Mãos à obra!

NÃO era apenas um cavalo. Caramelo tornou-se o símbolo da resiliência do povo gaúcho, porque o cavalo é a própria marca do Rio Grande. No topo de um telhado de uma casa qualquer em Canoas, rodeado de água por todos os lados, ele resistiu com paciência e firmeza, confiando de que o resgate viria. Passou por cinco dias e noites a fio, mostrando força, com fome e sede, sob frio e chuva. O resgate veio e Caramelo teve um final feliz.

A imagem altiva de Caramelo correu o mundo. Esta epopeia e de milhares de outros cães e gatos resgatados nas mais difíceis e severas condições, como mostram as mídias, deve nos servir de inspiração, valorizar a sabedoria e a força animal. Alguns “pets” que foram resgatados não saem de perto dos seus atuais abnegados cuidadores temporários, com medo de serem novamente abandonados.

Ninguém fica pra trás, essa é a máxima que norteia o incansável trabalho dos socorristas. Resiliência, Rio Grande! O Caramelo deu o exemplo. Isso vai passar e vamos superar.