Colunista

Álvaro Werner

Ponto de Encontro

Rio Grande, firme e forte

Publicado em: 14 de junho de 2024 às 08:00
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Manter a positividade é meio caminho andado. A cultura do bom exemplo é inspiradora. A todos interessa retomar o ciclo normal da vida, mesmo nas mais graves situações como no mês de maio.

DIZ a literatura popular, desde tempos imemoriais, que bons exemplos devem ser seguidos. Tal como uma pedra jogada no meio de um lago, a construção da ponte pela comunidade de Nova Roma do Sul ligando a Farroupilha criou uma onda de otimismo que incentivou outras localidades a empenharem-se em achar suas próprias soluções.

Caso recente da reconstrução da ponte metálica entre Arroio do Meio e Lajeado. As águas furiosas de maio do rio Forqueta levaram parte da ligação histórica entre as duas cidades. A sociedade civil, entidades comunitárias, empresas e o poder público das duas cidades criaram o movimento “Juntos pela Ponte” e através doações via PIX arrecadaram em tempo recorde os fundos suficientes para a montagem, transporte e colocação da nova estrutura. No último domingo, a travessia foi reinaugurada. Um símbolo histórico e cultural do Vale do Taquari, e que agora passa a denominar-se de “Ponte da Reconstrução”. Novamente o povo fez a diferença.

COM mais este feito de iniciativa popular, bem sucedida, diga-se, viu-se pelas redes sociais que outras comunidades longe das lentes da grande mídia estão empenhadas em ações semelhantes para resolver seus entraves. Com efeito, a catástrofe climática imensurável atingiu o Rio Grande por inteiro e não se pode ficar impassível a espera do socorro oficial que como todos sabem, é demorado, burocrático, por melhor que seja a boa vontade das autoridades responsáveis.

Mas, para funcionar, os gestores municipais, a Defesa Civil e as lideranças comunitárias devem de imediato identificar as prioridades, estabelecer um plano simples, viável e dinâmico de atribuições e comprometimento para sua execução e sucesso. É importante não demonstrar desânimo à comunidade e sim um trabalho persistente e solidário, tal como fizeram os socorristas, que nas piores horas e condições não se renderam ao abatimento. Contratempos sempre surgirão e perseverar é preciso.

DE fato, manter a positividade é meio caminho andado. A cultura do bom exemplo é inspiradora. A todos interessa retomar o ciclo normal da vida, mesmo nas mais graves situações como no mês de maio. Nenhuma comunidade quer ficar isolada e o exemplo está em Nova Roma, Arroio do Meio, Lajeado, e porque não dizer, aqui também, na Capital das Gincanas.

Águas impetuosas do rio Pardinho levaram acessos às pontes da 409, da 287 e da 412, de tal forma que nos isolaram do Vale do Rio Pardo. Apenas pelo tempo necessário para tomada de ações pelo prefeito Gilson Becker, que com apoio de empresários do ramo de transporte e construção civil conseguiram reestabelecer o trânsito na 409, a ligação mais antiga e viável para manter a regularidade da vida comunitária, além de possibilitar o amparo dos desalojados pela enchente. Se alguém for influenciado por exemplos de positividade, com certeza irá contagiar o seu círculo social.

SOB as águas de maio submergiram centenas de municípios da Província de São Pedro. Junto foram bairros inteiros, escolas, indústrias, lojas, hospitais, estradas, pontes, redes e estações de energia, empresas de transporte coletivo, estações de tratamento de água e até o Aeroporto Salgado Filho. Por onde recomeçar a reconstrução? É compreensível que cada um pense que sua área é prioridade.

Quem está em abrigos, quer sua casa de volta. Indústria, comércio e o agro carecem de recursos para produzir, vender e preservar empregos. Estradas e pontes terão que ser reconstruídas para escoamento da produção e abastecimento. Rios necessitam de dragagem. Cidades precisam rever o Plano Diretor. Além de recuperar o que foi destruído, também será necessário prevenir e readaptar áreas, eis que não estamos livres de novos desvarios climáticos conforme alertam os meteorologistas. Sem dúvidas, são escolhas difíceis que estão pela frente. Tanto quanto possível o resgate e acolhimento de vidas foi feito, lastimando-se as perdidas e ainda desaparecidas. O Rio Grande segue firme e forte.