Os princípios constitucionais estão sendo afrontados. O que podem esperar os brasileiros frustrados de hoje e os das gerações futuras?
QUE país é esse? Já perguntava há mais de quarenta anos, Renato Russo, o vocalista da Legião Urbana, inconformado com a realidade política, social e desrespeito à Constituição. De lá para cá, o que mudou? A letra da sua música continua atualizada e hoje ainda interpretada por outras bandas como Paralamas do Sucesso, por exemplo. O país ficou refém da mediocridade, da hipocrisia, do deboche. A prioridade das chamadas instituições republicanas não é mais para o bem do Brasil e dos brasileiros, a superação do atraso, a redução da pobreza, a melhoria do sistema de saúde, a primazia da educação, a alavancagem da economia e criação de empregos, mas sim, o acesso fácil ao dinheiro público sem trabalho de alguns em desfavor da maioria. O fascínio pelas malfeitorias continua em suas múltiplas e ardilosas versões e dissimulada na burocracia dos palácios do oficialato, nas entranhas das máquinas estatais, nos artifícios das chicanas e filigranas jurídicas, no abuso de prerrogativas funcionais desvirtuadas. Parece mesmo que o sistema não está mais para servir à população, mas para se servir, criar privilégios, apadrinhar os amigos, locupletar-se, prevaricar, dificultar, e não esconde nem um pouco a falta de decoro nos procedimentos em criar entraves para vender facilidades, ou seja, o velho e eficiente sistema coronelista do “toma-lá-dá-cá”. Eficiente para eles, os aristocratas do erário que orbitam o poder.
OS princípios constitucionais estão sendo afrontados a cada dia. O que podem esperar os brasileiros frustrados de hoje e os das gerações futuras? Um país amordaçado e silente. Como acreditar que o Brasil ainda tem chance, que boas ações estão sendo adotadas e que estejam direcionadas para caminhos da recuperação econômica, da política social, da consolidação democrática, da legitimidade da representação popular, da evolução de reformas do sistema de um efetivo equilíbrio institucional? Do alto do seu empoderamento, os senhores dos anéis ainda dizem que as instituições estão preservadas em nome do estado democrático de direito. Bela retórica, o discurso é um, a prática é outra e não sobra quase nada nas instituições brasileiras que mereça a credibilidade da população. A sociedade foi dominada por um sistema em que não se beneficia em nada, onde claramente a democracia é apenas relativa. Com raras exceções, a maior parte dos congressistas atende antes seus propósitos particulares, suas paróquias eleitorais, mas se omitem em discussões sobre conteúdos de relevância nacional. Diante da inércia e dos ouvidos moucos dos gabinetes de Brasília, o povo mais uma vez vai às ruas manifestar sua inconformidade com a impassividade dos seus representantes. A voz das ruas precisa ser ouvida.
Notícias relacionadas
Tempos de turbulência os que vivemos
O terrorismo urbano cresce, quadrilhas e milícias se enfrentando, casas e condomínios sendo invadidos por facções do tráfico
Por Álvaro Werner
Um Natal de tranquilidade é a nossa prece
Com a data máxima da Cristandade se aproximando, boa parte das famílias perde o sono porque o endividamento é uma realidade persistente
Por Álvaro Werner
Um brinde a outubro, prosit!
Cada cidade, pequena ou grande, que tenha no seu histórico a chegada de imigrantes, procura resgatar a saga e as tradições
Por Álvaro Werner
Voa, Rio Grande
A volta das operações do Salgado Filho é um acontecimento emblemático e de notável importância para a reconstrução do Rio Grande