MAIS uma vez o Rio Grande está sob ataque. Uma semana para ficar nos registros históricos dos serviços de meteorologia. A fúria da Natureza fustiga as coxilhas da Província de forma inclemente com chuvas incessantes, granizo localizado, raios riscando e clareando os céus, estrondos de trovões estremecendo as casas e ventos desmedidos derrubando postes e árvores. Um combo de sinistros que atinge os vales do Jacuí, Centro-Serra, Rio Pardo, Taquari e todas outras regiões, trazendo de volta o drama de milhares de famílias vendo suas casas invadidas pelas águas de rios, arroios, córregos e alagamentos urbanos. Ruas viraram rios, pontes foram arrastadas, estradas estão interrompidas, plantações restaram devastadas e criações perdidas. Famílias ilhadas foram socorridas pela Defesa Civil, Bombeiros e voluntários com barcos, sempre solidários e prestativos nesta hora. Águas de chuvas torrenciais invadiram o aconchego do lar e famílias tiveram que deixar tudo para trás.
APENAS na segunda-feira, 29, o serviço da Metsul registrou a incidência de pelo menos 300 mil raios, cuja maior concentração aconteceu no Centro e Oeste do Estado. Aliás, parece que nossa Província é a que tem maior convergência de descargas atmosféricas do País. Com os apelos da Defesa Civil e as sempre precisas informações do prefeito Gilson Becker, a solidariedade e o voluntariado deixaram a chuva e raios de lado e doações chegam aos pontos de coleta, ao Hospital, ao Poliesportivo e ao ginásio Guidão, este que está acolhendo também pessoas desabrigadas da vizinhança. Nesse momento, as redes sociais foram ágeis em mobilizar a população. O pouco de cada um pode fazer uma grande diferença. É uma tarefa gigante e a Capital das Gincanas vai superar mais esse desafio. O Grupo Arauto mantém plantão permanente, monitorando a situação dos rios e estradas a cada momento, prestando um serviço de utilidade pública. Que o nosso patrono São Pedro nos ajude.
EM uma verificação rápida, sem pretensão técnica, as chuvas desta semana diferenciam do evento de setembro do ano passado, porque naquela ocasião, houve uma precipitação pluviométrica intensa e localizada nas cabeceiras e afluentes dos rios Antas e Taquari, provocando uma enxurrada de forma brusca e imprevisível e um desastre de triste lembrança para os gaúchos. Na situação atual, os serviços de meteorologia vinham alertando para ocorrência de chuvas em grandes volumes por todo Estado. Ao mesmo tempo, a Defesa Civil e Bombeiros dos municípios já estavam adotando as providências necessárias à medida que os rios começaram a subir. Famílias conseguiram sair em tempo para os abrigos ou casa de parentes e amigos. Entretanto, pela continuidade e intensidade das chuvas, aliadas ao solo saturado, o que não se previa é que a quota atingisse níveis nunca antes registrados, chegando a bloquear todas as estradas da região, principais e vicinais. A enchente é maior que a de 1941.
CHUVA continua caindo sem trégua enquanto estas linhas estão sendo digitadas. A Natureza, que tem seu lado belo, tem também seus próprios comandos, suas próprias leis, duras, implacáveis e incompreensíveis às vezes, mas que precisam ser respeitadas. O ser humano não tem o poder e o condão mágico de mudar isso. Tal como na calamidade dos eventos climáticos do ano passado, não é hora de procurar explicações. Estamos sim, diante de mais um desafio que vai exigir de todos um esforço gigantesco. As imagens nas mídias falam por si. Torna-se impositivo arregaçar as mangas, ajudar e recomeçar de algum jeito. O voluntariado que até aqui falou mais alto é o exemplo significativo de que existe o lado humano das pessoas que se doam para auxiliar os irmãos atingidos pelas tragédias. Esse princípio marcante de solidariedade precisa continuar firme e forte. Força, Rio Grande, e com Fé inabalável em Deus haveremos de superar as adversidades.
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