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De incêndios às enchentes: 2023 foi de extremos para os Bombeiros em Vera Cruz

Publicado em: 04 de janeiro de 2024 às 16:53 Atualizado em: 06 de março de 2024 às 14:01
  • Por
    Guilherme Bender
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: arquivo Jornal Arauto
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    Em 365 dias, o Corpo Militar de Bombeiros de Vera Cruz foi acionado 714 vezes, praticamente duas vezes a cada 24 horas.

    O ano de 2023 se despediu há quase uma semana, mas segue vívido na memória. Se situações normais são facilmente relembradas, quem enfrentou os desafios naturais da chuva e estiagem ao limite recorda ainda melhor, seja do gelo ou do fogo, seja do excesso da água ou da falta dela. Ainda mais em situações de desespero e perdas próximas ao fim do ano, também latentes para aqueles que as vivenciaram. 

    No último ano, o Corpo de Bombeiros Militar de Vera Cruz registrou, somente na Capital das Gincanas, 714 ocorrências. Dessas, 60 (8,4%) foram resultantes de incêndios. Do calor do fogo ao frio da chuva e do granizo, do outro lado, 26 salvamentos, buscas e resgates foram realizados pelo grupo, advindos, em sua maioria, dos granizos de julho de 2023 e das enchentes ao longo da segunda metade do ano.

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    Mata em fogo

    Em fevereiro de 2023, uma área de vegetação com cerca de 10 hectares de eucalipto pegou fogo e foi consumida na Linha Sítio, interior de Vera Cruz. As chamas, de início natural, devido a estiagem e ao calor que atingia o município e o Estado no verão. De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 10 hectares foram consumidos pelo incêndio, que teve início às 11h50min e persistiu até as 17h. Foram precisos 15 mil litros de água para cessar o fogo, marca que, diante da seca, tornou o cenário ainda mais devastador. Apesar de todo o dano ao terreno, ninguém ficou ferido.

    Quase um ano depois, o proprietário do terreno, Astor Petry, conta que ainda não conseguiu plantar nada novamente. “Após a seca, veio as chuvas, que não permitem um solo adequado para que eu plante mais mudas de árvores”, lamentou. O solo, no entanto, ainda está propício para o plantio. “Felizmente ele não foi danificado. Não houve brasa no chão que fizesse com que ele se tornasse infértil”, destacou Petry. Ele também recorda de quando recebeu a notícia. “Eu tinha acabado de almoçar. Fiquei muito assustado.”

    Do lado positivo, a lenha que foi salva do incêndio pôde ser vendida, o que diminuiu o prejuízo de Petry. “Não era esse o plano inicial, mas foi o que deu para fazer e extrair um pouco de toda a perda”, frisou.

    A ideia a partir de agora, de acordo com Petry, é de utilizar o terreno e o solo novamente em 2024, assim que for possível, e dar a mesma destinação que havia antes das chamas. “Assim que o tempo permitir vou realizar o plantio”, projetou.

    Em plenta rodovia

    Outra situação ocorreu pouco mais de 10 dias depois. Uma carga de um caminhão do município de Segredo pegou fogo na ERS-412, alguns quilômetros após o trevo de Linha Capão. O atendimento realizado pelo Corpo de Bombeiros de Vera Cruz bloqueou a rodovia e exigiu novamente o uso de milhares de litros de água. As chamas, que iniciaram a partir da tração do veículo e logo notadas pelo motorista com o estouro de um pneu, foram controladas sem que ninguém ficasse ferido.

    Após perda total, família busca recomeço

    Eram 5h30min do dia 22 de dezembro quando a casa em que morava Juliana Anjos Moraes pegou fogo em Rincão da Serra, interior de Vera Cruz. A princípio, uma falha na fiação elétrica. O fato é que o incêndio se alastrou rapidamente e, antes que o filho, Pablo Moraes Kappel, saísse do serviço militar em Santa Cruz do Sul e fosse até a residência, as chamas haviam consumido toda a moradia, incluindo os móveis.

    O Corpo Militar de Bombeiros foi acionado, mas não teve tempo de controlar a situação. Foram utilizados dois caminhões e seis mil litros de água para conter o fogo na casa de madeira. A proprietária sofreu queimaduras nos ombros e nos braços. Ela teria acordado em meio às chamas.

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    Kappel é responsável pela “vaquinha on-line” que busca retomar a vida da mãe. “Por enquanto ela está vivendo de favor na casa de alguns parentes, mas ela quer sair e ter a casa dela de volta”, relata. A arrecadação tem como meta o valor de R$ 20 mil, no entanto, até agora, somente R$ 1.872 foram doados. “E uma parte do valor foi usada para o frete, na transferência de alguns móveis”, contou o filho. “Os dois primeiros dias arrecadamos bastante dinheiro, mas após, o fluxo diminuiu e não veio mais. Ainda precisamos limpar o terreno onde ficava a casa. É muita coisa”, relatou o filho.

    A “vaquinha on-line” pode ser acessada pelo link www.vakinha.com.br/4319141. Nele, é possível ajudar na reconstrução da casa destruída com qualquer valor em dinheiro, em diferentes formas de pagamento e com segurança. 

    “Um ano de desafios”,  afirma o comandante dos Bombeiros

    Para o sargento Vinícius Botlender, comandante do Corpo de Bombeiros de Vera Cruz, 2023 foi um ano repleto de atribulações para o efetivo do município. “Acontecimentos como no mês de julho, quando a cidade foi assolada por um temporal de granizo, por exemplo, exigiu o deslocamento de todo efetivo já na madrugada, para auxílio na distribuição de lonas, colocação destas e corte de árvores. A nossa equipe é muito engajada, mesmo não estando de serviço se prontificaram em ajudar. Essa tarefa por si só levou quatro dias”, recorda o comandante.

    O sargento Botlender ainda lembra do voluntariado exercido pelo bombeiros vera-cruzenses no Vale do Taquari, quando as enchentes de setembro atingiram as cidades de Muçum e Roca Sales.

    Outra ação de destaque em 2023 foi um acidente, no dia 11 de outubro, com envolvimento de duas carretas carregadas de soja. “Houve o tombamento dos veículos e o motorista de uma delas ficou preso às ferragens. Mossa atuação na ocorrência durou mais de seis horas, dessas, três foram no desencarceramento do motorista, momento em que a guarnição teve que usar todos os seus conhecimentos para retirar a vítima da melhor forma possível das ferragens”, destaca.

    Botlender frisa que o grupamento está pronto para atender os municípios de Vera Cruz e Vale do Sol e dá ênfase na capacidade da equipe. “Não desejamos ter que atuar, mas quando necessário, a comunidade pode ter certeza que pode contar conosco”, pontua o comandante.