Programa “Acolher é Desenvolver” foi apresentado a gestores, pontos focais de atendimento do TEA e profissionais da saúde
O Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) do Vale do Rio Pardo (Centro TEA), do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), lançou nessa quarta-feira, 20, o programa regional de qualificação de educadores “Acolher é Desenvolver”. A meta é atingir 400 professores das redes públicas – municipal e estadual – de escolas dos 13 municípios consorciados. As ações consistem na capacitação e entendimento da compreensão, manejo e acolhimento de pacientes com TEA. Os seminários de formação iniciam no primeiro semestre do ano que vem.
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A partir do levantamento de informações sobre os dados de alunos das redes públicas regionais com autismo, chegou-se ao quantitativo de 781 alunos. “Com base neste levantamento, entendemos que é necessária uma ação do Centro TEA. São situações que nos desafiam de forma constante, por isso, precisamos criar alternativas que viabilizem formas melhores de atendimento e acolhimento a estes alunos em nossos municípios”, defende o presidente do Cisvale, Gilson Becker.
Conforme ele, o programa proposto pelo Centro TEA, na parceria com gestores públicos nas áreas da saúde, educação e assistência social, assim como os ponto focais – profissionais que atuam de forma direta com os pacientes nos municípios da região – caminha na direção da necessidade local. “A escola é, muitas vezes, o segundo lar das crianças. E o acolhimento aos alunos com autismo precisa ser da melhor forma, para que se minimize outros tipos de tratamentos”, recomenda.
O Programa Acolher é Desenvolver será divido em dois módulos, por meio de seminários que serão realizados na região. A proposta é que, o primeiro seja realizado logo no início do primeiro semestre de 2024. A data deverá ser definida nos próximos dias, quando abrirão as inscrições para os profissionais da educação. O público-alvo são professores de escolas de Educação Infantil e Salas de Recursos, dos 13 municípios da Região 28 de Saúde. Com isso, estima-se que 400 profissionais sejam alcançados pela formação, que será realizada pela equipe técnica do Centro TEA do Cisvale.
A diretora executiva do Cisvale, Lea Vargas explica que no início do próximo semestre serão abertas as inscrições para o Acolher é Desenvolver. De acordo com ela, é muito importante que os municípios incentivem à participação dos profissionais em ambos os seminários. “Estamos ampliando um leque maior de possibilidades para o entendimento sobre o autismo e as formas de manejo com os alunos nas escolas. Nosso levantamento mostra que são mais de 700 alunos com diagnóstico. Este número pode ser ainda maior, dada a dificuldade ao acesso ao diagnóstico e tratamento do TEA”, alerta.
Ampliar as habilidades
O neuropediatra Cristiano Freire integra a equipe técnica do Centro TEA. Segundo ele, os professores são, muitas vezes, o professor é um dos cuidadores do aluno diagnosticado com autismo. Neste sentido, quanto maior for a habilidade dele, na interação com o aluno, melhor torna-se o acolhimento no ambiente escolar. “Acolhimento passa pelo entendimento, reconhecimento do diagnóstico, aceitação e proteção do paciente. Na prática, são situações difíceis, mesmo para quem tem o conhecimento”, justifica.
Para o especialista, a formação de profissionais estratégicos dentro das escolas, como direção, equipes diretivas e os próprios professores que atuam com os alunos na Educação Infantil e Salas de Recursos, torna-se uma ferramenta poderosa na acessibilidade e entendimento do transtorno do espectro do autismo no ambiente escolar. “Com um manejo adequado, a partir das necessidades do aluno, maior será a capacidade de acolhimento, principal objetivo do nosso programa”, complementa.
Uma necessidade urgente
Para o secretário Municipal de Saúde de Santa Cruz do Sul, Fabiano Dupont, a atuação do Centro TEA do Cisvale, por meio da criação do Programa Acolher é Desenvolver, supre uma necessidade urgente de ajuste e adequação nas áreas da saúde e educação. “Trata-se de uma iniciativa fantástica que vem para diminuir um passivo de tempo, atendendo de forma mais adequada alunos com diagnóstico de autismo. Não se tem ideia do tamanho do sofrimento destas crianças e das suas famílias”, aponta.
Dupont acredita que o investimento na preparação de professores, elos de ligação entre a sociedade e o aluno com diagnóstico de TEA, irá criar uma nova realidade. “Entendemos que é um grande passo e um avanço considerável em nossa região, porque a falta de entendimento e informação prejudicam, e muito, a inclusão destas crianças, que ali na frente serão adultos em nossa sociedade”, pontua o secretário Municipal de Saúde de Santa Cruz do Sul.
Quase 500 atendimentos
Durante o evento de lançamento do Programa Acolher é Desenvolver, a equipe do Centro TEA do Cisvale exibiu os números do trabalho do centro, de outubro de 2022 a outubro de 2023. Ao todo, foram realizados 447 atendimentos a pacientes; 104 reuniões de matriciamento, realizadas nos municípios, com os pontos focais que formam o Centro; 83 encontros de formação permanente e 251 estratégias de matriciamento – nas quais são discutidos os casos de autismo nos municípios.
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