Ele cresceu nas montanhas da Escócia e jura que o RS tem muito em comum com a terra das gaitas de fole
A Semana Farroupilha celebra a vivência de todas as querências, até dos estrangeiros que vieram parar no Rio Grande do Sul. Um deles é William Hugh Watson, de 66 anos. Nascido em Barnard Castle, na Grã-Bretanha, ele mora no Brasil desde a década de 1980 e se confessa um apaixonado pela cultura gaúcha.
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A vinda para o Brasil, em 1980, foi através de um emprego na indústria do fumo pela Trans-Continental Leaf Tobacco Corporation que o levou a Brusque, em Santa Catarina. Mais tarde, em 1983, ele visitou Santa Cruz do Sul pela primeira vez e se mudou definitivamente para a cidade em 1985. Ele conta que já no estado vizinho conheceu bebidas brasileiras como o chimarrão e a caipirinha.
Quando se mudou para o Rio Grande do Sul, através de relações de amizade conheceu a vida de gaúcho, e os CTGs e rodeios o conquistaram. “Foi muito importante a receptividade do povo gaúcho, de me receber com braços abertos”, conta.
Hoje ele possui a própria empresa no ramo do tabaco e presta serviço para a Tabacos Marasca, em Venâncio Aires. Aliás, foi no município que surgiram os primeiros convites para integrar um CTG, participar de fandangos e fazer parte de cavalgadas que o permitiram conhecer muitas das belezas do Estado.
Culturas irmanadas
“Eu passei a maior parte da minha juventude na Escócia, nas montanhas ao ar livre, com um mapa e uma bússola na mão e uma mochila nas costas”, lembra o britânico, que vivia em Rannoch, na região das Terras Altas escocesas, um local de frio intenso e belas montanhas.
”A vida do gaúcho é similar à do escocês, e conhecendo em volta de Santa Cruz o interior em Monte Alverne e Boa Vista, também é montanhoso”, explica. Mas mais do que a vista, os princípios de um gaúcho são semelhantes aos de um escocês, como família, tradição, fé, honestidade, sinceridade, simplicidade e, acima de tudo, o respeito, assim como a estima pelos animais de estimação.
Ao perguntar por que ele decidiu ficar no Brasil, a resposta é “porque eu me casei aqui.” Após o casamento ele ganhou residência permanente, fato que o ajudou a permanecer no país, assim como o nascimento de três filhos brasileiros, um catarinense e dois gaúchos. Do primeiro relacionamento, teve o filho George, e do segundo a filha Ellen e o filho Brian. Hoje está casado há cerca de 20 anos com a esposa Beloni, natural de Vale do Sol.
Antes do Brasil, William já havia morado por períodos na Índia e na Tanzânia por conta do trabalho. Essa experiência ajudou a lidar com o choque cultural e as diferenças de vestuário e gastronomia. A principal dificuldade na ocasião de sua chegada foi o idioma, já que considerou o português difícil de aprender. Apesar de ainda carregar o sotaque, a maior dificuldade é tentar lembrar as palavras em inglês, já que usa pouco a língua materna hoje em dia.
Hábitos gaúchos
Entre o que o Mr. Watson mais admira na cultura gaúcha está o churrasco, prato que adora preparar para a família e, inclusive, já ouviu que faz um churrasco melhor do que o de muitos gaúchos. Outro aspecto que aderiu foi o uso da pilcha, em especial da bombacha. “Para quem já usou kilt por muitos anos e usou traje indiano, para mim a bombacha é algo muito confortável”, conta, citando a famosa e tradicional saia escocesa de lã em padrão xadrez.
Da vida gaudéria, William Hugh adotou também o consumo diário de chimarrão e integrou o CTG Querência da Mata, de Mato Leitão, apesar de hoje estar afastado das atividades para se dedicar à sua propriedade no interior. “Minha aposentadoria vai ser em Vale do Sol, eu não volto mais para a minha terra natal. Só pra visitar”, completa.
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