Há mais de um ano junto ao ginásio Poliesportivo, em Vera Cruz, serviço busca a prevenção do adoecimento e a promoção da saúde
Entre junho de 2020 e julho de 2021, o Ginásio Poliesportivo do Parque de Eventos foi destino para pacientes sintomáticos de Covid-19 que procuravam atendimento no Ambulatório de Campanha. Mas hoje quem entra no local, especialmente nas salas onde eram realizados os atendimentos médicos Covid – na lateral do ginásio -, encontra um ambiente totalmente diferente. As salas ganharam nova pintura e novos móveis para receber, em 23 de agosto de 2021, as atividades do Centro de Atendimento Integral à Saúde (CAIS). Um espaço que foi sonhado por anos pela Saúde, voltado à prevenção do adoecimento e à promoção da saúde de forma integral: trabalhando físico, emocional e espiritual.
Inicialmente, o serviço veio com a proposta de oferecer à população as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) , em um cuidado voltados às práticas naturais, como alternativa ao uso de medicamentos. Logo, ganhou reforço de outros profissionais que desempenham diversas ações, sendo das áreas de psicologia, medicina (pediatria), serviço social, nutrição, educação física, redução de danos e oficinas terapêuticas. “O CAIS busca sair da lógica do adoecimento, pois quando se fala no serviço em Saúde, as pessoas relacionam ao estágio em que já se está em sofrimento e queremos mudar isso. A Atenção Primária tem esse olhar também voltado à promoção da saúde e à prevenção do adoecimento. Geralmente, quando as pessoas procuram a unidade de saúde, elas querem a cura para um problema, mas nosso papel também é educar, focar nas boas escolhas para que o indivíduo viva de forma mais tranquila, com consciência sobre o impacto de suas escolhas na saúde mental, física e emocional”, explica a psicóloga Ana Paula Schäfer.
Dessa forma, o CAIS conta com atividades como: práticas corporais com educador físico; ginástica chinesa (Lian Gong); meditação; oficinas terapêuticas (espaço de convivência voltado à saúde mental); grupos terapêuticos segmentados (crianças, homens, mulheres e idosos); além de grupos para fumantes, gestantes, de pacientes com doenças crônicas (diabéticos, hipertensos e obesos); entre outros. Além de serem ofertados na sede do CAIS, os grupos ocorrem em outros espaços das áreas central e rural do município.
Demanda espontânea cresce
Pouco mais de um ano do início das atividades do CAIS, a coordenadora Fabiana Neumann observa que a população vem entendendo a importância do cuidado integral. “Temos a demanda que chega através das demais unidades de Saúde do município, mas vem crescendo a demanda espontânea, as pessoas que conhecem o serviço e vêm por conta própria”, frisa ela, ao citar que a partir disso é feito o acolhimento. “É uma escuta sensível, buscando um olhar integral ao paciente, respeitando suas reais necessidades. Então, nas segundas-feiras pela manhã, todos os profissionais se reúnem e discutimos esses casos, entendendo em grupo quais os encaminhamentos para cada paciente”, arremata.
Saiba mais
O CAIS fica na rua Carlos Wild, 511, no Bairro Araçá – anexo ao Ginásio Poliesportivo (acesso pela lateral direita externa). O acolhimento ocorre de segunda a sexta, das 7h30min às 11h e das 12h30min às 16h (com exceção de segunda pela manhã). O contato telefônico é pelo (51) 3718-3483.
No grupo, Lori encontrou apoio para cessar tabagismo
Entre as atividades realizadas pelo CAIS, o grupo de cessação de tabagismo auxilia fumantes a pararem com este vício. Existente há cerca de oito anos, segue padrões indicados pelo Ministério da Saúde, que determina ao menos 10 interessados para a formação de um grupo.
Quem se sentiu motivada a participar de um dos primeiros grupos formados e que está há oito anos sem fumar é Lori Teresinha Pritsch, de 52 anos. Consumindo mais de três carteiras de cigarro por dia, Lori decidiu que precisava de ajuda quando o filho mais novo, Cristian – hoje com 12 anos – a repreendeu sobre o assunto, com uma maturidade que não era esperada pela mãe. “Muito da minha força em ter participado do grupo, de não ter desistido – já que minha turma começou com 13 pessoas e sobraram só três – e de não colocar mais o cigarro na boca até hoje, vem dos meus filhos [também Igor, de 26 anos, e Felipe, de 32]”, conta ela.
Dado o primeiro passo, que se trata da inscrição para o grupo – feita de forma espontânea em qualquer unidade de saúde do município -, a coordenadora da atividade, Inadjara Hickmann, explica que são realizadas quatro sessões. “Inicialmente, são aplicados testes nos participantes para entender qual é esse tipo de vício, se está associado a uma questão psicológica, a outro vício, também avaliamos o histórico patológico de doenças, questões de saúde mental, entre outras questões. Já no grupo, buscamos entender porque as pessoas fumam e como isso afeta a saúde, daí depois eles começam a parar de fumar aos poucos, em outra sessão eles já vêm totalmente sem fumar, e vamos compreendendo também os benefícios de se parar com o vício”, relata. Depois destas quatro sessões estruturadas, segue Inadjara, são realizadas sessões uma vez por semana, de 15 em 15 dias, seguindo com uma sessão por mês, até fechar um ano de tratamento.
Neste processo, conta a coordenadora dos grupos, diversos profissionais estão envolvidos, buscando atender todas as necessidades do participante, seja o uso de medicação, prescrita pelo médico, o atendimento com nutricionista e educador fisico – já que após cessar o vício muitos pacientes acabam descontando a frustração nos alimentos e ganham peso -, assim como de psicólogos.
Fortalecimento no coletivo
Lori, que por diversas vezes já tinha tentado parar de fumar, tendo diversas recaídas neste processo, conta que conviver com outras pessoas com esse mesmo objetivo a fortaleceu. “Acho que a gente entende que não tá sozinho, sabe. E hoje, eu já fui contar a minha história em outros grupos e sei que isso pode motivar eles também, foi emocionante dividir minha história”, comemora ela, que se disse grata pelo amparo que encontrou no serviço.
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