Esportes

O sonho começou há dez anos

Publicado em: 22 de março de 2018 às 09:23 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 20:54
  • Por
    Guilherme da Silveira Bica
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Guilherme Bica / Portal Arauto
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    Em 2008, Jair Eich assumia a presidência do Avenida e traçava projeto ousado para o futuro do clube

    Quanto tempo um sonho pode levar para se tornar realidade? Anos, dias, horas. A conquista do objetivo que, às vezes, parece distante chega, em alguns momentos, com dois elementos principais: determinação e foco. E se esse sonho é ligado ao futebol, ele depende de um elemento ainda mais essencial: planejamento. Muito usada nos dias atuais dentro do esporte, a palavra é uma síntese do que levou o Esporte Clube Avenida a estar entre os quatro melhores times do estado no Gauchão 2018.

    O que poucos sabem, porém, é que a ideia de planejar e pensar o clube para atingir um patamar mais alto surgiu há dez anos. Um empresário, com pouco tempo de Avenida, resolveu assumir o desafio com o propósito de fazer diferente e por que não sonhar? Jair Eich, 51 anos, assumia em 2008 a presidência do Clube do Povo. O objetivo era disputar uma competição nacional. O sonho? uma série D ou, então, uma Copa do Brasil.

    Desde lá, muitos percalços apareceram. O Avenida passou o período alternando participações entre a elite e a segundona do futebol gaúcho. Jair, porém, seguia na direção, se não presidente, vice, e trabalhando para a concretização daquele projeto pensado em 2008.  Quis o destino que a meta traçada por ele esteja muito perto de ser alcançada em um ano cercado de desconfiança de muitos. Apontado como favorito a cair de divisão, o Avenida superou as expectativas e no dia 20 de março de 2018, em uma data que ficará na história para os torcedores, eliminou o Caxias e garantiu vaga nas semifinais do principal campeonato do estado. A presença nessa fase também deixa o clube muito próximo de uma vaga na Série D (depende da eliminação do São Luiz diante do Brasil de Pelotas) e da Copa do Brasil (São Luiz eliminado e Grêmio ou Inter garantindo vaga na Libertadores de 2019).

    Ainda comemorando, e em meio a telefonemas para planejar o confronto do primeiro jogo das semis contra o gigante Grêmio, Jair Eich recebeu a reportagem do Grupo Arauto na última quarta-feira. Emocionado, ele traduziu o sentimento com a classificação histórica. "Realização, satisfação. Uma sensação única, quase que inexplicável, como nascimento de filho. Foi também a certeza do que está se fazendo está certo. E da maneira como foi, através de um pênalti, no fim do jogo, depois de tudo o que aconteceu na partida de ida se fez justiça. Tenho a certeza de que nós merecemos esse feito". afirma.

    O que mudou

    Chamado de time ioiô por, logo depois dos acessos, cair novamente para a segundona, o Avenida traçou algumas mudanças que foram vitais para o sucesso atual. Para Jair Eich, tudo fruto do aprendizado. "Montar um grupo novo é uma grande dificuldade e uma realidade para as equipes menores do interior. 80% dos jogadores que estão no mercado são medianos e você precisa encontrar nesses medianos aqueles que vão acreditar na sua proposta de trabalho, no clube. Trabalhamos no intuito de envolver os atletas nesse propósito. Antes trazíamos jodadores com nome, com bagagem, mas que não davam resultado por não estarem envolvidos no projeto", disse.

    Aliado à mudança na montagem do grupo, Eich aponta a escolha da comissão técnica e o investimento em estrutura como primordiais. "O Fabiano foi uma convicção nossa e faz mais uma vez um trabalho incrível com um grupo que é pequeno, afinal são só 22 atletas para um campeonato inteiro. Ele tem total apoio dos atletas e formou um grupo muito unido. Quem vive o futebol sabe que isso é fundamental", salienta.

    As críticas

    Muito ligado e visto como fundamental para o clube, muitos já se arriscaram a dizer que "se o Jair sair, o Avenida fecha as portas". Para ele, a história é diferente. "Tem um pessoal que ajuda bastante. Não é assim e não pode ser assim. O Avenida tem 74 anos de história e não depende do Jair. Quero que cada vez mais pessoas se interessem em ajudar o clube também na parte diretiva", salienta.

    Como a ligação é forte, as críticas surgem na mesma proporção. "Algumas pessoas acham que as coisas acontecem num passe de mágica e não é assim. No futebol é tudo muito difícil para quem joga apenas três meses do ano. Quando você toma um posição, você agrada, mas também desagrada a alguém. Muitas vezes errei, com atitudes e respostas impensadas, mas sempre com o propósito de ver o Avenida melhor" afirma.

    Que venha o Grêmio

    Mesmo já tendo feito história, o presidente vê o Periquito podendo alcançar voos mais altos ainda neste Gauchão. "Vamos enfrentar um gigante da América, do Mundo, mas quero continuar sonhando, afinal eles vão ter que jogar pra ganhar da gente. É o momento do nosso torcedor comparecer, encher a casa. Quero quatro mil pessoas. Quero ver o público que eu jamais vi e que esse povo todo nos embale para um grande resultado, disse".

    2019 é logo ali

    Ainda que o ano não tenha acabado, o Avenida já projeta 2019. No aguardo por vagas nas competições nacionais, Jair Eich afirma já pensar no próximo ano. "Mesmo sendo ano de eleições, já nos antecipamos e estamos dando pequenos passos visando a próxima temporada. Me coloquei à disposição para continuar como presidente e vai caber ao conselho decidir. A competição nacional é uma realidade para nós e como será uma novidade precisamos nos preparar com calma e tempo. A Copa do Brasil é o maior objetivo, mas se não vier ano que vem, tem a Série D, que é o único caminho pra chegar a C, e assim por diante", disse.

    A projeção, conforme Jair Eich, passa pela busca de apoio, tanto do torcedor, quanto do poder privado. "Meu sonho era ter mil sócios, cada um pagando R$ 30. Assim, o clube sai do patamar que está hoje e começa a se equilibrar às equipes mais tradicionais do interior. Não tem nada de utopia. Acho viável. Espero que, com as conquistas, o torcedor venha junto, encha estádio e se associe. Tudo isso faz com que o empresariado acredite no projeto" afirma.