Com a proximidade da Semana Farroupilha, confecções de vestidos e bombachas aumentam. Trabalho é minucioso e exige delicadeza
O jeito com a costura é lá dos tempos da adolescência. Já o apreço pela cultura gaúcha veio um pouco mais tarde, quando o primeiro emprego exigiu dedicação para confeccionar os delicados favos de uma bombacha. Verena Finger, hoje com 65 anos, relembra com orgulho os cursos que fez para aprender mais sobre costura, profissão que já é passada à próxima geração. Ana Paula, filha de Verena, ajuda a aposentada nos serviços do ateliê. Gosta de trabalhos minuciosos, de cuidar dos detalhes, enquanto a mãe se sobressai nas costuras retas, com máquina. As duas, ligadas pela mesma profissão, estão, nos últimos meses, envolvidas com as vestimentas gaudérias. É vestido de prenda, bombacha, trajes para homenagear o estado gaúcho, que na quinta-feira, dia 20, lembra a Revolução Farroupilha.
No preparo das indumentárias, mãe e filha se dividem. “Tenho que fazer o modelo que tá ali, no papel. Colocar na cabeça e agir”, sorri Verena, que diz ser algo demorado, “um verdadeiro jogo de montar”. A costura, conta ela, é feita a maioria na máquina, com cuidado para não sobrar fios soltos. Depois, Ana finaliza a peça, de forma bem artesanal. Prega botão, faz os acabamentos. É preciso delicadeza, atesta a filha, que aos 16 anos começou a participar de atividades junto ao CTG.
Aliás, foi ali que aprendeu sobre a confecção gaudéria. Entrou numa invernada artística, disputou o Festival Gaúcho Estadual Estudantil (Fegaes), foi segunda prenda, depois primeira, soube do que é certo e do que é errado quando se produz uma indumentária. “Aprendi sobre as cores, as regras da pilcha, comprimento da manga e qual parte do corpo da prenda pode aparecer”, conta ela, que consegue aplicar esse aprendizado no dia a dia, junto com a mãe.
Mas nem sempre Ana se dedicou a esta profissão. Antes, havia trabalhado em um escritório de contabilidade, mas viu na costura uma oportunidade de estar mais perto das filhas, da família. “Os planos eram de que quando eu engravidasse, iria parar de trabalhar fora e me tornar dona de casa. Mas ficar só em casa não dava”, lembra. Foi então que começou a ajudar a mãe, mas receosa se teria volume suficiente para as duas costurarem. “Iniciei em épocas com mais serviços, como a Semana Farroupilha. A partir dali, a mãe fazia os favos e eu os trabalhos mais manuais, em casa, podendo cuidar das minhas filhas” revela.
O que mais alegra as duas é receber o sorriso das crianças, aprovando a indumentária. “A mãe de uma menina disse que a filha amou o vestido. Se a filha amou, eu já estou feliz da vida, porque agradar uma criança é bem complicado. Se uma criança não gosta, ela não gosta. Criança é muita sincera. Se ela não gostou, vai dizer pra mãe: ‘olha, não gostei, não quero’. Vindo da criança é uma satisfação total”, comenta Ana, que incentiva as filhas, Joana e Antônia, a cultuarem os costumes do sul.
Confira a matéria completa na edição do Jornal Arauto desta terça-feira (18)
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