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Quando o professor é mais que professor

Publicado em: 11 de outubro de 2018 às 14:53 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 13:58
  • Por
    Lucas Miguel Batista
  • Fonte
    Grupo Arauto
  • Foto Lucas Batista/Jornal Arauto
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    Nas escolas multisseriadas, é preciso ser diretor, secretário, jardineiro, um faz tudo

    Ela ensina o alfabeto, a tabuada, a história do mundo. Mas também faz merenda, ajuda na limpeza da escola, no cuidado com o jardim. É mãe, psicóloga, enfermeira, amiga, alguém que as crianças confiam. Márcia Wendland é professora e trabalha em uma escola multisseriada de Vera Cruz. Atende quatro turmas, que juntas somam 16 alunos. Conhece detalhe a detalhe de cada um e ama o que faz. Aliás, diz não se ver em outra profissão.

    A vontade de ser professora vem dos tempos que estava no Ensino Fundamental. Hoje, aos 46 anos, lembra de uma aula em que sua professora pediu para escrever o que queria ser quando crescesse. O sonho de menina virou realidade. Há 25 anos, se dedica a ensinar.

    Fez seu estágio do magistério no interior de Sinimbu. Depois, como o marido, o pastor Carlos Wendland, tinha a pretensão de vir a Ferraz, Márcia prestou concurso em Vera Cruz. Passou e começou a trabalhar na EMEI Vovô Adail. Foi ali seu início de carreira. Trabalhou também com educação especial, ligada à Secretaria de Educação, e em sala de aula, como professora do primário, na Escola Gonçalves Dias, em Ferraz. “Foi bastante complicado, pois ninguém queria, já que era alfabetização. Mas era a única vaga que eu tinha pra chegar mais perto da minha casa”, recorda ela, que acabou gostando e continua até hoje sendo alfabetizadora. “Adoro ver a criança juntar as sílabas e começar a ler. É maravilhoso”, orgulha-se.

    Hoje, Márcia atua na Escola Intendente Koelzer, em Alto Ferraz. Por lá, é mais do que professora. É diretora, secretária, merendeira, a tia da limpeza, a que mantém as flores e o pátio sempre bem cuidados. O educandário é multisseriado, ou seja, mais que uma turma estuda em uma mesma sala. Pela manhã, Márcia é professora de oito alunos do 4º ano. À tarde, dá aula para o 2º, o 3º e o 5º ano, que juntos somam mais oito. Nas segundas à tarde, os 16 alunos estudam juntos, assim como nas quartas de manhã, em função das horas que Márcia tem disponíveis para planejamento de atividades.

    TANTAS TURMAS
    16 alunos, quatro turmas, uma escola, uma professora. É preciso, cita Márcia, muita força de vontade. Mas isso ela tem de sobra. “A escola é minha segunda casa”, frisa ela, que diz precisar se policiar mais, pois é muito exigente. “Eu gosto das coisas muito bem organizadas. Só que isso acaba me esgotando muitas vezes”, reconhece Márcia, disposta a preservar um dos educandários mais longínquos do Centro de Vera Cruz. “Eu acredito nesta escola. Estas crianças não têm em outro lugar o que elas têm aqui. Eu sei de cada um. Sei quando estão um pouco diferente. Na escola grande, tu, muitas vezes, é apenas um número”, comenta.

    E quando tem um aluno doente, a profe Márcia vira enfermeira. “Se tá com dor de cabeça, vou lá, faço um chá e mesmo que não sei se foi o chá ou se foi a atenção, eles ficam bem”, conta. “Se caiu, machucou, raspou o joelho, eu lavo com água e passo uma pomada, feita por mim, com flor de calêndula e vaselina, que não tem contraindicação, e cura tudo”, sorri ela, que além de educar, cuida como se os alunos fizessem parte de sua família.

    Confira a matéria completa na edição impressa do Jornal Arauto de sexta-feira (12).