Viver a tradição de Páscoa não tem idade, ela atravessa gerações. As celebrações fazem muito mais sentido quando são compartilhadas e por isso devem ser sempre ser incentivadas.
Quando Amanda, minha filha, tinha por volta de seis anos, meu irmão e minha cunhada arrumaram um novo bicho de estimação, a Frida.
Trata-se de um coelho (sim, depois perceberam que na verdade era o Fritz, um pequeno equívoco). Um bichinho que permeia nosso imaginário infantil: de olhos vermelhos e pelo branquinho.
Obviamente a minha filha adorou a novidade – e a criança dentro de mim, também, confesso. Bichinho mais fofo é o coelho.
Logo, ela quis saber se aquele também era o Coelho da Páscoa, que faz – e traz – os chocolates. E a minha cunhada disse que sim, que ela achava que à noite, a Frida ficava trabalhando na confecção dos chocolates e os escondia muito bem, para apenas entregá-los na Páscoa.
Com seis anos recém completados na época, eu pensei que esta magia de acreditar no Coelho da Páscoa já não estaria mais presente e que esta história não colaria.
Qual não foi minha surpresa ao ver que sim, o imaginário infantil ainda permitia esta ilustre presença. Mas, com ela, dezenas de questionamentos, o que indicava que talvez fosse o último ano.
– Onde o Coelho guarda tantos ovos?
– Quantos Coelhos da Páscoa existem?
– Como ele faz para entregar tantos ovos em todo o mundo?
– Como ele consegue deixar surpresas todos os dias na nossa casa sem que a gente veja?
***
Com o Papai Noel me parecia mais fácil, afinal, é uma figura humana. Agora, com o Coelho haja criatividade. Porém, quando a fantasia é expressa através da imaginação, os limites da criança são infinitos.
Participar deste universo é muito bom. Estimular as brincadeiras, a caça aos ovos, ler histórias e assistir filmes para dar ainda mais realismo à magia. Sem contar que os elementos simbólicos farão parte da sua memória afetiva para sempre.
Em que momento eles deixarão de acreditar? Hoje, minha filha tem 10 anos. Ainda que eu saiba que ela entende diferente, nunca tivemos essa conversa de existir ou não existir. A magia continua válida, viva. À espera pelo domingo de celebração e busca aos ninhos.
Especialistas costumam dizer que depende do amadurecimento de cada criança. Pode ir até 5, 6 ou 7 anos, quando se torna natural que os pequenos passem a se dar conta do real e do fictício. Os questionamentos em torno dos simbolismos culturais, tais como o Coelhinho da Páscoa, o Papai Noel, podem começar a surgir nesta fase.
Eu gosto de cultivar esta crença, esta fantasia. Ela passar é um claro sinal de crescimento, mas jamais deixa de existir. É legal manter a brincadeira, mas não fazer a criança acreditar no que ela já não acredita.
É preciso conversar e não necessariamente dar a resposta. Deixar a criança manifestar as ideias e entender que os personagens podem existir para sempre dentro dos nossos corações.
Nem tudo precisa ser palpável, mas pode ser sentido em todas as idades.
Espero que o Coelho apareça por aí, feliz Páscoa!
Nesta Conversa de Mãe, gravada com a Alessandra Fischer, ela nos conta sobre como mantém vivas as tradições, que tornam a infância – e a vida – muito mais mágicas. Ouça aqui!
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