Economia

Economista de Santa Cruz explica consequências do tarifaço de Trump para o Brasil

Publicado em: 10 de abril de 2025 às 09:03
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Economista também falou sobre a possibilidade de aumento na exportação de produtos brasileiros | Foto: Freepik/Divulgação
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    Com as medidas, os Estados Unidos passaram a cobrar 10% de todas as importações do país

    O professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), economista Silvio César Arend, detalhou, durante participação na Arauto News, os possíveis impactos do pacote anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os brasileiros.

    Foram estabelecidas novas taxas de importação e tarifas contra mais de 180 países que, segundo Trump, libertariam os norte-americanos de produtos estrangeiros. Na avaliação do professor, a decisão do presidente Estados Unidos é errada. “Primeira coisa para tentar trazer da realidade para o dia a dia, é que essa ideia do Trump, e isso eu comentava em aula há três semanas e vi outros economistas falando, é uma ideia muito rasa, muito primitiva, diria assim de um terraplanismo econômico, que imagina que fechando a economia e colocando tarifa o país vai se desenvolver e ficar rico”, detalhou.

    O professor explicou que as medidas criam instabilidade e medo na economia internacional. Além disso, deve ser observada instabilidade para empresários, que ficam receosos em fazer investimentos. “Esses rompantes, essa coisa de vai e volta, anuncia no grito, ‘eu imagino, eu quero, eu faço’. Isso cria uma instabilidade muito grande na economia internacional. Cria de certa forma um medo, porque não sabemos o que o maluco lá na frente vai inventar, se vai voltar atrás ou inventar mais uma coisa, então não tem estabilidade e tranquilidade das regras do jogo.”

    Ainda de acordo com Arend, a questão não é o valor da tarifa, que pode ser aplicada como o presidente achar melhor, mas, sim, as mudanças frequentes com relação ao tema. “Não há problema de colocar tarifa de 10% ou 20%, desde que bom, está definido, a gente vai seguir o baile. Mas quando você tem um sujeito que tem esses rompantes, que vai de acordo com o vento, ideias mudando a toda hora, você não tem um parceiro confiável. Pensando no ponto de vista dos empresários, você não tem um horizonte seguro seguro para planejar a sua empresa, sua produção, seus investimentos. Cria uma instabilidade grande e isso reflete na cotações do câmbio que sobe e e desce. O ambiente de negócios fica extremamente volátil”, argumentou.

    Com a medida, os Estados Unidos passaram a cobrar 10% de todas as importações do Brasil. Para o professor da Unisc, não é possível ter certeza sobre os efeitos no país. Segundo Arend, alguns produtos, por exemplo, devem ficar mais caros. “É preciso verificar o detalhamento de como serão aplicadas estas medidas de retalhação dos diversos países para poder enxergar o que fica mais caro, o que fica mais difícil de importar e o quanto isso vai impactar para nós enquanto consumidores aqui no Brasil, mas algum resíduo vai impactar nossos preços.”

    Arend afirmou, durante sua participação na Arauto News, que por outro lado, há uma possibilidade de aumento nas exportações brasileiras. No entanto, ainda não é possível prever um percentual. “Teria alguma possibilidade de ampliação das nossas exportações, a medida que nós somos presenteados com apenas 10% de tarifa e outros países foram com 20% ou 30%. Produtos de outros países ficaram mais caros em comparativo com os nossos, mas não é certo que por conta disto as exportações brasileiras aumentarão para os Estados Unidos, que o país vai passar a comprar mais do Brasil ao invés de comprar da China, até porque a China produz coisas que nós não produzimos aqui”, ressaltou.