Após passar por todo o processo da enchente, educandário se reconstruiu para seguir atendendo
Quem passa hoje pela frente da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Cebolinha, no Bairro Ramiz Galvão, em Rio Pardo, talvez não imagine o que aquele prédio enfrentou poucos meses atrás. No auge da enchente de maio de 2024, só era possível circular pela região de barco. A água tomou conta de tudo e chegou ao telhado da escola. Pouco menos de 12 meses depois, virou símbolo de superação e de reconstrução possível graças a um esforço conjunto entre comunidade, empresas, voluntários e poder público.
A diretora da escola, Daniela Ferreira Fonseca, lembra com detalhes daquele 1º de maio. Era feriado do Dia do Trabalhador. Estava em casa quando recebeu a ligação de uma colega avisando que a água já alcançava os fundos da escola. “Em questão de 30 minutos, a frente da escola já estava tomada. Conseguimos salvar documentos, eletrônicos, alguns móveis e os carros. Mas logo tivemos que sair. No mesmo dia, à tarde, a água já estava na altura das janelas e continuou subindo até cobrir tudo”, relembra.
O cenário que Daniela encontrou duas semanas depois, em 13 de maio, quando finalmente conseguiu retornar ao prédio, já que a água tinha baixado, parecia filme de terror. “Era muito barro, lodo, um cheiro insuportável. Tudo revirado, tomado por uma lama preta. Naquele momento, parecia impossível que a escola voltasse a funcionar um dia”, recorda. Foi o marido dela quem trouxe calma. Ele disse: “Tu não vai conseguir sozinha. Vai ter ajuda. Todo mundo vai pegar junto”. E foi o que aconteceu.

Foto: Mariana Schneider/Grupo Arauto
No dia 17 de maio começaram os mutirões de limpeza. Primeiro, com o apoio das equipes da Prefeitura. Depois, com a força que veio de todos os lados, moradores, empresas, pessoas de outras cidades, voluntários anônimos. “As doações vieram de tudo que é canto, móveis, materiais de construção, equipamentos. Gente que nem conhecia a escola, mas que queria ajudar. Foi inacreditável”, diz Daniela. A força-tarefa deu resultado. O prédio ganhou novos pisos, forros, pintura e até brinquedos. O Sicredi também garantiu recursos, e em breve a escola deve ganhar um novo paisagismo no pátio — uma das poucas áreas onde ainda restam pequenas cicatrizes da enchente.
Exatamente 124 dias após a tragédia, em 2 de setembro, a Emei Cebolinha reabriu suas portas. “Hoje a gente olha pra trás e vê o quanto foi difícil, mas também o quanto foi bonito ver tanta gente ajudando. Essa escola só está de pé de novo porque muita gente acreditou junto que era possível recomeçar”, destacou.
Essa é uma das histórias contadas no podcast que o Grupo Arauto produziu sobre o primeiro ano da enchente que atingiu Rio Pardo. Ficou interessado? Ouça o material na íntegra:
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