Mais de 80 instrumentos de cooperação foram firmados
Brasil e Japão assinaram, nesta quarta-feira (26), em Tóquio, dez acordos de cooperação em áreas como comércio, indústria e meio ambiente, além de 80 instrumentos entre entidades subnacionais como empresas, bancos, universidades e institutos de pesquisas. Os dois países também anunciaram um plano de ação para revitalizar a Parceria Estratégica Global, um nível mais elevado nas relações diplomáticas estabelecidas desde 2014.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as relações Brasil-Japão ganharam uma nova dimensão. Segundo ele, serão realizados encontros periódicos entre equipes governamentais, a cada dois anos. “O Japão é um país democrático, desenvolvido do ponto de vista econômico, científico e tecnológico. O Brasil é um país que acompanha a passos largos a necessidade de se desenvolver, de investir em educação, ciência e tecnologia e em pesquisa porque temos consciência que não há possibilidade de um país crescer, se desenvolver, ficar rico, se não houver um maciço e forte investimento em educação”, disse Lula.
Para o presidente, o Brasil deve aprender com o Japão e colocar em prática os avanços que o país asiático obteve nos últimos anos. Neste sentido, ele afirmou a prioridade em “cuidar” dos 211 mil brasileiros que residem no Japão e reiterou a importância do ensino do japonês para inclusão das 30 mil crianças e adolescentes brasileiros no ensino público do país.
Além do plano de ação de parceria estratégica, os dois países assinaram atos sobre iniciativa para combustíveis sustentáveis e mobilidade, de integração industrial, na área de ciência, tecnologia e inovação, recuperação de terras degradadas, meio ambiente, educação, em tecnologia da informação e comunicação e inclusão digital, em redução de riscos de desastres relacionados à água e na área de saúde.
Biocombustíveis
O presidente Lula destacou que a recente decisão do Japão de incrementar o uso de bicombustíveis no transporte e na aviação abre espaço para os dois países “trabalharem juntos pela transição energética”, além de atrair investimentos para produção no Brasil. “Queremos aumentar o nosso comércio, queremos fazer parceria com a indústria, que o Japão adote no Brasil a perceptiva da produção do etanol, do hidrogênio verde e do combustível renovável”, explicou.
Nesta terça-feira (25), em reunião com empresários, Lula também falou sobre a intenção do Brasil de elevar a mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% e da adição de biodiesel no diesel fóssil. “A descarbonização é um caminho sem volta e é perfeitamente compatível com o objetivo de segurança energética”, reafirmou o presidente.
Lula lembrou que o Japão foi o primeiro país asiático a contribuir com o Fundo Amazônia – R$ 14 milhões. Criado em 2008, o fundo apoiou 107 iniciativas de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal.
Mercosul
No próximo semestre, o Brasil assume a presidência do Mercosul e a expectativa de Lula é negociar um acordo comercial do Japão com o bloco sul-americano. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, ratificou o “forte desejo” de elevar as relações econômicas com o Mercosul a patamares ainda maiores.
O comércio entre Brasil e Japão também pode ser aumentado, concordaram os mandatários. Antes da reunião oficial, os dois participaram de um fórum com empresários, o que, segundo Lula, “ampliou os horizontes para cooperação com o setor privado”.
Em 2011, o fluxo da balança comercial entre os dois países chegou a US$ 17 bilhões e, em 2024, caiu para US$ 11 bilhões. O Japão é o segundo maior parceiro do Brasil na Ásia, atrás apenas da China, e o 11º maior parceiro comercial do Brasil no mundo. É a nona origem de investimentos estrangeiros no Brasil, com cerca de US$ 35 bilhões de estoque de investimento em 2023.
Ishiba lembrou que o montante de investimentos diretos de empresas japonesas no Brasil, a partir de 2024, soma R$ 45 bilhões. “Isso é prova da expectativa do fortalecimento das relações econômicas”, avaliou.
Além disso, o Brasil hospeda a maior comunidade nikkei fora do Japão, com cerca de dois milhões de pessoas, enquanto o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior – perto de 200 mil pessoas.
Extremismo
“O primeiro-ministro e eu concordamos que a sustentabilidade, a paz e a democracia são essenciais para o futuro do planeta. O extremismo, o discurso de ódio e as notícias falsas solapam instituições e fomentam a intolerância”, disse Lula ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.
Notícias relacionadas

Frente parlamentar em Defesa do Turismo inicia atuação em Venâncio Aires
Grupo realizou primeiro encontro nesta semana; participantes também planejam ação durante a Fenachim

Vice-governador formaliza ao governo federal pedidos estratégicos por infraestrutura e apoio a agricultores
Construção de pontes internacionais, malha ferroviária e dívidas de produtores rurais foram temas de reuniões em ministérios

Câmara de Vereadores aprova 13 projetos na sessão dessa segunda-feira
Reunião foi conduzida pela presidente Nicole Weber

Em assembleia da Amvarp, prefeito Sérgio Moraes participa de inauguração de galeria de ex-presidentes
O chefe do Executivo ocupou o cargo em 1997, na sua primeira gestão em Santa Cruz