Colunista

Daniel Cruz

Fazer ComPaixão

Afinal, estamos evoluindo?

Publicado em: 16 de fevereiro de 2025 às 08:14
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Vejo que os valores mudam a cada dia e que a foto com a taça de espumante, da viagem, do jantar, entre outras, são mais importantes do que o momento em si

O mundo a cada dia que passa tem se tornado mais estranho, diria até maluco e complicado de compreender. Sou jovem pois tenho apenas meio século de vida e cuido para que meu envelhecimento não venha acompanhado da perda de flexibilidade de entendimento daquilo que acontece ao meu redor.

Confesso que envelhecer é um desafio ainda mais no contexto atual. As tecnologias avançam numa velocidade que por horas tenho a sensação de não estar conseguindo acompanhar. Muito escuto minha mãe falar que os aparelhos deveriam ter apenas um botão, aquele do liga e desliga, e que isso facilitaria muito a vida.

Impossível negar que as facilidades da evolução de tudo que nos cerca e que nos permite usufruir de mais conforto, informação e praticidade no dia-a-dia é algo maravilhoso. Hoje basta pedir à “moça” da caixinha de som para ela diminuir o volume e a mágica acontece sem sairmos do lugar. Problemas de saúde que outrora não tinham solução hoje são tratados com maestria e por aí vai.

Pois bem; a tecnologia evoluiu, a ciência evoluiu, a engenharia , os meios de transporte, os tipos de energia exploráveis, as medicações, tudo evoluiu absurdamente num curto espaço de tempo e, depois de constatar tudo isso, me pergunto: NÓS, SERES HUMANOS, ESTAMOS EVOLUINDO IGUALMENTE?

Brincadeiras a parte, se você respondeu sim, queria muito tomar um café contigo pois me ajudaria a buscar e construir respostas que me levassem a entender os traços de evolução que encontramos em acontecimentos que o mundo vivencia como as guerras, a corrupção, os assassinatos, os latrocínios, os feminicídios, o fanatismo religioso, a criação de uma bomba atômica, os bloqueios econômicos, as tão famosas disputas por “ideologias políticas” e por aí vai.

Há quem diga que depois da tempestade vem a calmaria, que todas as grandes mudanças vieram depois de grandes guerras, que o instinto de sobrevivência leva as pessoas a perderem o raciocínio; enfim, múltiplas teorias que explicam mas acabam por não justificar haja vista que no pano de fundo carregam a individualidade em lugar da coletividade.

Dias desses alguém me falou que muito do que acontecesse era porque as pessoas tinham pouco acesso a um ensino de qualidade pois a fração daqueles que cursam o ensino superior é mínima. Sinceramente e educadamente discordei pois são justamente as pessoas que chegaram lá, em grande parte, as que estão a frente de grande parte dos acontecimentos sinistros que nos deparamos diariamente.

Posso estar enganado mas tenho um pensamento comigo, e nele concentro minhas energias, na ideia de que tudo começa na estrutura familiar, no exemplo que recebemos e como o repassamos àqueles que são do nosso convívio. Não há, naturalmente, como compartilhar algo se você nunca o tiver recebido. Se você nunca comeu uva jamais saberá definir e explicar como é uma uva.

Na filosofia havaiana do Ho’oponopono o amor é base de tudo, a grande energia que ilumina e aquece o Universo e que, na minha humilde percepção, está escassa no momento. Vejo que os valores mudam a cada dia e que a foto com a taça de espumante, da viagem, do jantar, entre outras, são mais importantes do que o momento em si.

Observo que muitas pessoas chegam nos lugares buscando uma tomada para carregar seus eletrônicos pois um jantar entre amigos não pode acontecer sem bateria. O abraço, o aperto de mão e o beijo foram substituídos por um “emoji” e para piorar, as vezes você está falando com alguém e ela digitando. Certa vez parei a conversa e a pessoa me disse: “pode falar, eu estou te escutando”. Oi? Como assim? Na minha percepção era como se naquele momento minha presença era “tanto faz, como tanto fez”, entende?

Além da falta de amor, muitos estão vivendo com a preocupação de que ele possa estar acontecendo ao lado. Aí além da tristeza interior, vem a frustração e o não entendimento do “por que comigo isso não acontece?”.

O mundo precisa apertar a tecla do pause (pausa). Veja que falo para todos e tudo, inclusive eu, pois a perfeição passa longe desse corpo. As grandes mudanças, assim como as pequenas, requerem reflexões, olhar crítico e com a humildade sempre presente pois em muitos momentos será necessário reconhecer o erro para que depois possa ocorrer o perdão.

Parar e ficar por momentos sozinho consigo gera muitos temores pois podemos enganar a todos, mas a nós é impossível pois sabemos a nossa verdade. Escutar o silêncio interior nos permitirá emanar a paz ao exterior. Muitas vezes a melhor resposta será o silêncio pois nele estará todo nosso respeito para com o próximo.

Aproveitemos cada instante em família, ela é a base. Se a sua história familiar não foi a sonhada, paciência, resiliência e perdão são a receita. Aquilo que você não gostou, não repita, sempre penso. Tudo é aprendizado desde que analisado com amor. Conheça a palavra, pregue a palavra, mas não esqueça de viver a palavra.

Em resumo, não faça para os outros como gostaria que fizessem para você e sim porque é o certo, aquilo que precisa ser feito a fim de sermos dignos da morada eterna junto ao Grande Criador. Abençoado dia. ALOHA.