Era a época das novelas radiofônicas, pois a TV Piratini, dos Diários Associados, a primeira do Estado, foi inaugurada em dezembro de 1959
Vocês conseguem imaginar três desembargadores fazendo uma novela? Pois vou lhes contar essa história.
No final da década de cinquenta vieram morar em Candelária duas primas, vindas da cidade de Cruz Alta, Neusa Norma e Soni Messerschmidt. Nossas mães, Jensen, eram irmãs.
As duas eram muito ativas e logo começaram a movimentar a cidade, fazendo saraus e criando um conjunto de canto: o Quinteto Guarany. Não é coincidência, pois a Orquestra de meu pai chama-se Jazz e Típica Guarany.
Minhas irmãs e eu já tínhamos participado, declamando, no programa gauchesco animado por Edilo dos Santos Machado na Rádio Princesa de Candelária. Com meu irmão e meu primo Lauro Oliveira formávamos o Trio dos Primos.
Com as primas, a participação nos programas de auditório passaram a ser habituais, principalmente no “Matinal Princesa”, animado por Günther Frederico Lohmann, no cine Teatro Coliseu.
Com pouca estatura, Neusa Norma era muito ativa, inteligente, desenvolta e escrevia muito bem.
Era a época das novelas radiofônicas, pois a TV Piratini, canal 5, dos Diários Associados, a primeira do Estado, foi inaugurada apenas em 20 de dezembro de 1959.
Demorou muito até o sinal chegar a Candelária e as famílias mais abastadas adquirirem um televisor preto e branco.
O primeiro aparelho foi no Hotel dos Viajantes, fundado por meu bisavô, Jacob Jensen, e hoje administrado por seus descendentes, da Família Prass.
Dona Olga deixava a porta aberta para que a gurizada pudesse dar uma espiada. A primeira coisa que vi foi um pradinho de cavalos de madeira, que corriam para sortear o número premiado, numa promoção da Cia. de Cigarros Sinimbu.
Depois que Othmar Walter Heinze, Seu Ótia, também adquiriu um aparelho, passamos a ser televizinhos, sentados sobre o muro.
Até ali o rádio era o principal veículo de comunicação e faziam muito sucesso as novelas radiofônicas.
Neusa Norma resolveu escrever algumas histórias e adaptar outras da Revista de fotonovelas “Capricho” e “Ilusão”.
Meu irmão Alcenor passou a trabalhar na Rádio Princesa, na radiotécnica, e o colega de ginásio, Moacir Danilo Rodrigues, como locutor. Não foi difícil que logo nos juntássemos para fazer uma novela.
E ao vivo, pois não havia gravação.
Neusa Norma revelou-se, além de escritora, uma excelente atriz. Moacir Danilo, com aquele vozeirão, tornou-se o galã. Os diálogos românticos entre os dois prendiam a respiração dos ouvintes.
Como eu ainda tinha uma voz infantil, fazia pequenos papéis, e a mim competia atuar na sonoplastia, fazendo os barulhos de fundo necessários para dar mais realidade às cenas. As folhas secas que usávamos para fazer coroas de finados serviram muitas vezes para o caminhar na floresta. A água agitada em uma bacia era o som para um regato correndo ou caminhar na água.
O domingo era esperado pelos ouvintes, pois nossa Novela das Oito era tão famosa na região como agora a daquela emissora de televisão.
Quando meu irmão Alcenor, com 17 anos, foi para a VARIG em Porto Alegre, foi convocado para a técnica o jovem Ari Darci Wachholz, também colega do Ginásio Medianeira.
Quem diria que naqueles grupo de adolescentes estavam atuando juntos três futuros desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
Aliás, sempre brinco que Candelária era a cidade que tinha mais desembargadores por metro quadrado pois, contando o Des. Cristiano Graeff Júnior, éramos quatro candelarienses em cinquenta e dois membros do Tribunal.
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