Iniciativa de Jaqueline Gonçalves e Sérgio da Rosa já está confirmada em nove municípios do Rio Grande do Sul
Criada em 2023, a turnê Negrejar, de Sérgio da Rosa e Jaqueline Gonçalves, leva espetáculos, palestras e bate-papo para diferentes cidades do Rio Grande do Sul, bem como para municípios de outros estados. Agora, os ativistas sociais se preparam para a segunda turnê do projeto.
Em função da grande procura no ano passado, os moradores de Venâncio Aires resolveram concentrar no mês de novembro apenas os espetáculos afros. “A partir disso, nós construímos e realizamos em 2023 a primeira turnê Negrejar no Rio Grande do Sul”, explica Rosa.
Conforme Jaqueline, eles têm um projeto chamado “Novembro o Ano Inteiro”, que tem como objetivo apresentar e debater as temáticas afro além do mês de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra. “Nós temos agendas no decorrer do ano. Só que optamos por em novembro concentrar essa demanda”, salienta.
No ano passado, Jaqueline e Sérgio percorreram 14 municípios, tendo atingido, segundo eles, mais de 3.300 pessoas. Neste ano, até o momento, são nove municípios confirmados e 23 apresentações que serão realizadas em Ibarama, São Sepé, Ivorá, Arroio Grande, Jaguarão, Miraguaí, Vista Gaúcha, Cachoeira do Sul e Tenente Portela. A agenda, no entanto, ainda não está fechada. Os produtores culturais aguardam retorno de alguns municípios, entre eles Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul.
De acordo com a agente cultural, nestas cidades serão apresentados dois espetáculos: Iya dudu, comandada por Sérgio da Rosa, e destinada para estudantes do 6º ano até Ensino Médio, bem como para adultos; e Rainha Abayomi, feito por Jaqueline, e voltado para a Educação Infantil. Além disso, a moradora da Capital do Chimarrão também realiza o espetáculo Okan Ijó, para estudantes do 6º ano até Ensino Médio, e também público adulto.
Rosa explica que Venâncio Aires pode ser considerado pioneiro em ter artistas que transitam por diferentes regiões levando espetáculos de cunho racial. Além disso, ele reforça que o Rio Grande do Sul é um estado carente de espetáculos afro e, por isso, há essa grande procura pelos projetos realizados por ele e Jaqueline. “Nós circulamos por dentro do Estado durante o ano e poder levar essas temáticas dentro de um estado racista, essa temática através da nossa arte, do nosso corpo negro, é algo extremamente urgente e necessário”, afirma. “Somos nós falando sobre nós”, complementa.
Segundo os produtores culturais, os espetáculos desenvolvidos através do “Novembro o Ano Inteiro” percorrem especialmente municípios menores ou do interior do Rio Grande do Sul. A intenção é fortalecer a temática, os debates e promover uma conscientização sobre as pautas raciais. “A gente vem cada vez mais forte com essa conscientização do novembro o ano inteiro, para que se mude essa realidade, para que essa procura não aconteça somente em casos específicos, como apontamentos pelo Tribunal de Contas da União”, ressalta Jaqueline.
Ainda de acordo com os ativistas, os espetáculos, as palestras e os demais eventos são planejados a partir de um estudo, que busca compreender a realidade e as necessidades da cidade e/ou do público alvo. “Nós somos ativistas por natureza, quem nos conhece sabe que nós somos somos ativistas 24 horas por dia. Nós fizemos do ativismo a nossa profissão e pensamos enquanto empreendedores. Como o empresário pensa um arroz, um feijão, nós pensamos o nosso produto arte e transformamos essa arte em um produto de transformação racial e social. Então a gente analisa o mercado, imaginando o que esses públicos e esses clientes precisam e a gente cria aquele produto e oferece para eles”, explicam.
Mais informações sobre os projetos de Jaqueline Gonçalves e Sérgio da Rosa podem ser conferidas através do Instagram oficial do projeto: @novembrooanointeiro.
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