Psicóloga santa-cruzense atua com equipe de Brasília nos Jogos Universitários Brasileiros

No universo on-line, os jogos eletrônicos estão deixando de ser apenas uma diversão e se tornando competições profissionais. A psicóloga santa-cruzense Diéssica Rocha de Carvalho, especializada em psicologia esportiva, esteve em Brasília, no início de outubro, representando a Green Owls, equipe de e-sports da Universidade de Brasília. A presença da profissional foi durante os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), a principal competição de desporto universitário do país.

Em entrevista à programação da Arauto News, Diéssica falou sobre sua atuação na equipe universitária na modalidade de Free Fire. De acordo com a profissional, o trabalho é realizado antes, durante e depois, tanto no esporte físico quanto no eletrônico. “Na preparação, envolvem-se muitas questões, que na hora da competição serão colocadas em prática. Antes do torneio, o foco é descontrair os jogadores, pois eles precisam estar concentrados. Precisam retomar a tática, mas também relaxar. Então, há essa conversa que não é tão rigorosa quanto em outros momentos, mas que também não relaxa tanto, para manter a mente equilibrada”, destaca.

Outra questão discutida na entrevista foi sobre o trabalho dos profissionais da psicologia e os coaches. Desde que surgiu e se popularizou no Brasil, a atividade de coaching logo ganhou ares pejorativos no mercado de trabalho. Entre as principais críticas, está a falta de regulamentação da profissão, possibilitando, em tese, que qualquer pessoa sem uma formação acadêmica específica possa se colocar como um especialista da profissão. Para Diéssica, a diferença está na abordagem. “A gente vê alguns coaches que trabalham no esporte compartilhando suas próprias experiências e, às vezes, apresentando fórmulas. O diferencial da psicologia está em perceber aspectos que podem passar despercebidos, trabalhando nas individualidades, como uma pessoa muito agitada ou nervosa, por exemplo”, pontua Diéssica.

Em relação à classificação de jogos eletrônicos como modalidade esportiva, tema amplamente discutido, a psicóloga destaca que é considerada como esporte toda atividade que exige treinamento e constância. Ela aponta que, em muitos casos, os jogos on-line são vistos apenas como diversão. “Parece que os jogos eletrônicos, como o Free Fire, são para pessoas que estão ‘de boa’ em casa e sem o que fazer. Mas, na verdade, exigem tanto treinamento quanto outras modalidades”, comenta.

“Observamos muito essa prática repetitiva nos esportes, que é aprimorada, com objetivos individuais ou coletivos e segue regras de competição. Diferente de jogar futebol no final de semana, o esporte eletrônico exige toda uma regulamentação, assim como as outras modalidades tradicionais de esporte. Dentro do cenário esportivo também é destacado a cultura competitiva, que movimenta muitos torcedores dos esportes eletrônicos que acompanham as competições. Tudo isso caracteriza as equipes de jogos eletrônicos dentro de uma modalidade esportiva”, conclui.

O que é o Free Fire?

Free Fire, game desenvolvido pela Garena para iOS e Android, é um dos jogos de battle royale mais populares do mundo. Com milhões de jogadores ativos diariamente, o jogo oferece uma experiência intensa e dinâmica, onde a sobrevivência depende de uma combinação de estratégia, habilidade e adaptação constante. São dois modos de jogo: o mapa aberto, em que eles caem em um mapa e precisam sobreviver à zona segura diminuindo; e o mapa fechado, em que uma equipe joga contra a outra. Cada equipe competitiva é formada por 4 jogadores. Nas duas modalidades a equipe que tiver pelo menos um integrante vivo até o final é a vencedora.

Segundo o site ActivePlayer.io, em novembro de 2023, o Free Fire teve uma média de 166 milhões de jogadores ativos, ou seja, players que fizeram login no jogo ao menos uma vez durante o mês.