VERA CRUZ

“Onde ele ia, fazia amigos”, resume Juliane, viúva do piloto Adriano Machado

Publicado em: 15 de outubro de 2024 às 13:12 Atualizado em: 15 de outubro de 2024 às 14:29
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    Portal Arauto
  • JULIANE MOSTRA A FOTO DA FORMATURA DE ADRIANO COMO PILOTO | GRUPO ARAUTO
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    Após acidente aéreo que vitimou vera-cruzense, ficam as lembranças de alguém que viveu intensamente os seus sonhos

    Na manhã chuvosa desta terça-feira (15), dia seguinte à cerimônia de despedida que reuniu uma multidão de amigos e familiares, colegas, pilotos e pessoas de diferentes fases da vida do vera-cruzense Adriano Machado, que morreu após acidente aéreo na sexta-feira (11), em Minas Gerais, sua esposa, Juliane Thiel, recebeu a Reportagem do Portal Arauto em sua casa para compartilhar um pouco da vida intensa de um apaixonado pelo ronco dos motores. Ele era uma pessoa determinada e correta, e onde ele ia, fazia amigos”, resumiu a viúva, ao tentar definir quem foi seu marido, quem é o seu amor compartilhado há 40 anos.

    A vida de Adriano, inegavelmente, se mistura a de Juliane, afinal, é uma longa trajetória de companheirismo. Chegaram a estudar na Aula Evangélica (hoje IMI) numa época em que ainda não conviviam, foram confirmados juntos, mas somente na adolescência, depois de uma grande amizade, é que a relação se transformou em algo mais. O grande amigo se tornou sua paixão e virou seu namorado, em 1984.

    MOTO ERA UMA DAS PAIXÕES DE ADRIANO | ACERVO PESSOAL

    Adriano fez muitas coisas na sua trajetória que se encerrou precocemente, aos 58 anos, enquanto atuava na aviação agrícola, naquilo que amava, era metódico, preciso, mas o mau tempo de sexta-feira acabou se tornando fatal. Juliane fala que ele gostava de tudo que roncasse o motor, mas também aquilo que lhe gerasse movimento. No primeiro emprego, aliás, na extinta empresa vera-cruzense Ciclo Peças, era com bicicletas que ele manejava. Mas uma das grandes paixões de sua vida era a moto, tanto que participava de enduros e na companhia do sogro, Caetano Thiel (IM), muitas histórias foram vividas e hoje estampam os álbuns de recordações.

    Por influência  do pai, que tinha caminhão, Adriano também passou a trabalhar no ramo, fazendo entregas. Atuou como representante comercial, trabalhou em TI na extinta Verafumos e empregou bastante esforço no ramo agrícola, em terras do sogro, onde resolveu cultivar milho, hortaliças, tabaco e em certo momento, já com arroz, ao precisar fazer pulverização, se encantou ao ver de pertinho um avião. Com a venda de 12 vacas, Adriano e Juliane fizeram a festa de casamento e compraram os itens que faltavam para o começo da vida a dois, em 2001.

    ADRIANO MACHADO REALIZOU O SONHO DE VOAR | ACERVO PESSOAL

    Passaram-se alguns anos até que Adriano resolveu correr atrás do sonho de se tornar piloto e começou, em 2006, a fazer o primeiro dos cursos, no Aeroclube de Santa Cruz. As capacitações e horas acumuladas de voo continuaram até que se formasse piloto para aviação agrícola, em 2012, ainda que no meio desse percurso ele tivesse comprado um ultraleve, em 2008, com direito a uma queda, em Santa Cruz, que jamais o ressabiou, lembrou Juliane, mas o fez quebrar o queixo.

    Após sua formatura, foi em Mato Grosso a primeira safra como piloto agrícola. Com sua profissão, acabou conhecendo o Brasil. Aliás, acabou adquirindo também uma carreta, para os períodos de entressafra na aviação, ter mais um ofício. Adriano gostava do movimento. “Ele queria ter liberdade”, resume a esposa, lembrando que só depois disso ele fez curso para pilotar o avião turbo.

    Nesta terça-feira (15) ele estaria chegando em casa, explica Juliane, pronto para um período de férias. Estaria cercado dos cães e gatos, uma paixão do casal. Provavelmente procuraria alguma coisa para montar ou consertar no pátio, outra característica de alguém que gostava de fazer mesmo as coisas, e fazer no capricho. O retorno foi da forma que ninguém esperava, mas Juliane faz questão de manter as boas lembranças de tudo o que viveram como forma de transmitir paz e viver o luto com serenidade. “Ele é como um balão que precisa subir”, concluiu ela.

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