Após acidente aéreo que vitimou vera-cruzense, ficam as lembranças de alguém que viveu intensamente os seus sonhos
Na manhã chuvosa desta terça-feira (15), dia seguinte à cerimônia de despedida que reuniu uma multidão de amigos e familiares, colegas, pilotos e pessoas de diferentes fases da vida do vera-cruzense Adriano Machado, que morreu após acidente aéreo na sexta-feira (11), em Minas Gerais, sua esposa, Juliane Thiel, recebeu a Reportagem do Portal Arauto em sua casa para compartilhar um pouco da vida intensa de um apaixonado pelo ronco dos motores. “Ele era uma pessoa determinada e correta, e onde ele ia, fazia amigos”, resumiu a viúva, ao tentar definir quem foi seu marido, quem é o seu amor compartilhado há 40 anos.
A vida de Adriano, inegavelmente, se mistura a de Juliane, afinal, é uma longa trajetória de companheirismo. Chegaram a estudar na Aula Evangélica (hoje IMI) numa época em que ainda não conviviam, foram confirmados juntos, mas somente na adolescência, depois de uma grande amizade, é que a relação se transformou em algo mais. O grande amigo se tornou sua paixão e virou seu namorado, em 1984.
Adriano fez muitas coisas na sua trajetória que se encerrou precocemente, aos 58 anos, enquanto atuava na aviação agrícola, naquilo que amava, era metódico, preciso, mas o mau tempo de sexta-feira acabou se tornando fatal. Juliane fala que ele gostava de tudo que roncasse o motor, mas também aquilo que lhe gerasse movimento. No primeiro emprego, aliás, na extinta empresa vera-cruzense Ciclo Peças, era com bicicletas que ele manejava. Mas uma das grandes paixões de sua vida era a moto, tanto que participava de enduros e na companhia do sogro, Caetano Thiel (IM), muitas histórias foram vividas e hoje estampam os álbuns de recordações.
Por influência do pai, que tinha caminhão, Adriano também passou a trabalhar no ramo, fazendo entregas. Atuou como representante comercial, trabalhou em TI na extinta Verafumos e empregou bastante esforço no ramo agrícola, em terras do sogro, onde resolveu cultivar milho, hortaliças, tabaco e em certo momento, já com arroz, ao precisar fazer pulverização, se encantou ao ver de pertinho um avião. Com a venda de 12 vacas, Adriano e Juliane fizeram a festa de casamento e compraram os itens que faltavam para o começo da vida a dois, em 2001.
Passaram-se alguns anos até que Adriano resolveu correr atrás do sonho de se tornar piloto e começou, em 2006, a fazer o primeiro dos cursos, no Aeroclube de Santa Cruz. As capacitações e horas acumuladas de voo continuaram até que se formasse piloto para aviação agrícola, em 2012, ainda que no meio desse percurso ele tivesse comprado um ultraleve, em 2008, com direito a uma queda, em Santa Cruz, que jamais o ressabiou, lembrou Juliane, mas o fez quebrar o queixo.
Após sua formatura, foi em Mato Grosso a primeira safra como piloto agrícola. Com sua profissão, acabou conhecendo o Brasil. Aliás, acabou adquirindo também uma carreta, para os períodos de entressafra na aviação, ter mais um ofício. Adriano gostava do movimento. “Ele queria ter liberdade”, resume a esposa, lembrando que só depois disso ele fez curso para pilotar o avião turbo.
Nesta terça-feira (15) ele estaria chegando em casa, explica Juliane, pronto para um período de férias. Estaria cercado dos cães e gatos, uma paixão do casal. Provavelmente procuraria alguma coisa para montar ou consertar no pátio, outra característica de alguém que gostava de fazer mesmo as coisas, e fazer no capricho. O retorno foi da forma que ninguém esperava, mas Juliane faz questão de manter as boas lembranças de tudo o que viveram como forma de transmitir paz e viver o luto com serenidade. “Ele é como um balão que precisa subir”, concluiu ela.
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