Colunista

Ronan Mairesse

Atitude e negócios

Imbecilidade cognitiva

Publicado em: 04 de outubro de 2024 às 10:16
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Quando uma pessoa traz um ponto de vista diferente devemos ouvir atentamente, refletir sobre as respostas e depois decidir

Todo o ismo é uma prova da imbecilidade humana. Os “ismos” fazem com que a humanidade se feche dentro de uma caixinha e não consiga ver o mundo como ele realmente é, e o pior, aquele que consegue sair da caixa, pensar diferente e ampliar a visão de mundo, é duramente atacado por aqueles que tomados por certezas absolutas, não conseguem dialogar e ter uma conversa construtiva sem ofender, ameaçar e ridicularizar o outro.

O dialogo civilizado é importantíssimo para a criação de ideias e a construção de um mundo melhor. O fantat “ismo” só faz com que nós nos dividamos a ponto de que o único objetivo seja destruir as ideias dos outros. Estamos vendo isso com muita clareza nas eleições municipais.

Candidatos defendendo ponto de vistas não com ideias, mas com ataques contra a honra, a moral e até mesmo a integridade física de candidatos. Talvez a política seja o lugar onde mais percebamos esse fenômeno, mas se você procurar melhor, verá que isso está em todos os lugares e principalmente em nosso dia a dia. Quem aqui nunca deu a sua opinião sobre algo nas redes sociais e foi brutalmente atacado por palavras de baixo calão ou por frases contendo ironia e duplo sentido? Eu mesmo procuro opinar somente em situações que sinto que posso colaborar, mas ciente que muito provavelmente, alguém com falta de dissonância cognitiva vai atacar a qualquer momento projetando o seu ódio e sua total frustração com a própria vida.

A que ponto chegamos como humanidade. Sabe o que é pior? Cometemos um grande erro com a IA (inteligência artificial), conectamos ela na internet e permitimos que ela aprenda com a gente. Teremos certamente um resultado disso no futuro: ou ela se torna também um fruto da imbecilidade cognitiva ou ela chegará à conclusão que não sabemos viver em sociedade. Tem um outro ponto que me veio à mente agora, tudo que escrevemos e falamos em vídeos, a IA analisa e cria um perfil. Em um futuro próximo, talvez daqui a seis meses (risos) ou até antes, empresas do mundo todo poderão consultar em um aplicativo de celular qual é o comportamento, caráter e personalidade de qualquer pessoa conectada no mundo.

Com isso as grandes perguntas são: quem é você hoje na internet? Como é o seu relacionamento interpessoal? Como você colabora na construção de ideias? E não é só isso, como a IA reconhece a nossa voz, ela estará escutando você 24 horas dia por dispositivos de áudio e imagem dentro da sua casa. Acredito, inclusive, que pessoas que autorizarem essa análise por vontade própria, terão uma credibilidade ainda maior na hora da contratação.

Ronan, você está viajando, isso parece roteiro de filme de ficção científica.” Não é mais filme há muito tempo, precisamos entender isso. Se queremos um mundo melhor precisamos ser capazes de unir e não repartir. Todos os “ismos” que levam ao fanatismo são um dos maiores maus da sociedade moderna. Quando uma pessoa traz um ponto de vista diferente devemos ouvir atentamente, buscar compreender, fazer perguntas, refletir sobre as respostas e depois decidir usar ou não aquelas informações.

Lula e Bolsonaro têm coisas boas e ruins, Inter e Grêmio, Flamengo e Fluminense, Corinthians e Palmeiras têm aspectos positivos e negativos. A Igreja Católica, as igrejas protestantes, as igrejas Luteranas, o Islã, o espiritismo e o Budismo (essas duas últimas, apesar de terminarem em “ismo”, são duas das religiões mais tolerantes que existem) todas têm ensinamentos lindos baseados no amor, fraternidade e generosidade.

Quem estraga as religiões são os próprios homens com perseguições, ego e guerras. O fato é que precisamos juntos construir ideias, sermos mais ouvintes e nos permitir aprender com o outro. Por enquanto que a humanidade não desenvolver a sua escuta e empatia, continuaremos com a degradação com o nosso modo de vida e talvez Deus permita tudo isso para que nós, sozinhos, com o nosso livre arbítrio sejamos capazes de mudar ou destruirmos a nos mesmos.