Mobilidade urbana

Doutor pela Unisc faz análise sobre problemas no trânsito do Brasil

Publicado em: 01 de outubro de 2024 às 11:49
  • Por
    Kássia Machado
  • Foto: Agência Brasil/Reprodução
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    Adriano da Silva Falcão abordou o tema a partir de sua experiência na Colômbia

    Um dos principais destaques debatidos pelos candidatos nas eleições municipais de 2024 é a mobilidade urbana, que abrange desde a duplicação até a construção de novas rodovias. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Arauto News, o doutor em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Adriano da Silva Falcão, fez uma análise sobre os problemas no trânsito do Brasil a partir de sua experiência na Colômbia.

    Adriano morou na Colômbia durante a construção de sua tese de doutorado voltada à mobilidade urbana. Segundo ele, existem muitas diferenças entre o Brasil e o outro país da América do Sul em relação ao trânsito, sendo o principal ponto a forma como a população pensa sobre o tema.

    “A mobilidade não é só trânsito; envolve vários aspectos, como acessibilidade, equidade e justiça social. Na Colômbia, há um pensamento integrado em relação a essas políticas públicas. Eles compreendem melhor que a mobilidade abrange aspectos sociais e econômicos, criando espaços para as pessoas e não para os carros”, explica.

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    Sobre as políticas públicas no Brasil, Adriano destaca que o país tem uma abordagem da mobilidade urbana muito ligada ao transporte. Segundo ele, durante o período eleitoral, essas propostas se tornam mais evidentes, especialmente no que diz respeito à criação de novos acessos viários para resolver o trânsito nas cidades. Em contrapartida, na Colômbia, a reflexão é oposta. “A Colômbia tem claro que ampliar vias, especialmente nos centros urbanos, com rotatórias ou viadutos que servem apenas para liberar o tráfego de veículos, apenas aumenta o volume de tráfego. Ou seja, não resolve o problema”, avalia.

    Para Adriano, a duplicação de vias, com a intenção de melhorar o trânsito, serve como um convite para que mais pessoas utilizem veículos como meio de transporte. Ele enfatiza que a mobilidade deve ser pensada de maneira a reduzir a circulação de automóveis particulares. “Sempre que pensamos em duplicar para melhorar o trânsito, mais pessoas se sentirão incentivadas a utilizar o carro. O principal ponto é trabalhar na ampliação de vias sem considerar outras soluções, como ciclovias, ciclofaixas, calçadas maiores e corredores de transporte público coletivo. Se não pensarmos na estruturação do sistema viário com esses exemplos, dificilmente resolveremos o problema da mobilidade urbana em nossas cidades”, conclui.