Danos também incluem danos às vias devido à circulação constante de caminhões, infiltrações e alagamentos
Moradores do Bairro Bom Jesus, de Santa Cruz do Sul, procuraram a reportagem do Grupo Arauto para relatar problemas enfrentados após o início das obras da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Os representantes da comunidade destacaram que os impactos incluem danos às vias devido à circulação constante de caminhões, infiltrações, alagamentos que têm invadido propriedades e rachaduras em residências.
Sinara Krug dos Santos está fora de sua casa desde setembro do ano passado. Sua residência, localizada na Rua Erna Teresinha Schaefer, foi interditada por não ter mais condições de habitação após as rachaduras. “Minha casa está toda rachada. Ano passado eu procurei a Corsan porque precisava de ajuda. Fui atendida, eles olharam minha casa e disseram que não era problema da obra”, disse.
Sinara, junto com vizinhos, buscou advogados e abriu um processo em agosto de 2023 contra a companhia. “Até agora não tem uma resposta. Eles vão lá, olham. A gente corre atrás. Teve até audiência, mas ninguém resolve”, revelou.
Entenda: Agerst cobra medidas da Corsan para minimizar transtornos no Bom Jesus
De acordo com os moradores, pelo menos 15 residências nas proximidades foram afetadas. “A comunidade busca a parada da obra, porque o medo é daquilo lá desmoronar. Todos os vizinhos têm medo de desmoronar no momento que encher de água. Por enquanto não tem nada no reservatório, e depois?”, expressou Sinara.
O presidente do bairro, Clairton Ferreira, afirmou que a situação afeta aproximadamente 100 pessoas e que a comunidade enfrenta dificuldades para resolver os problemas com os responsáveis. “Antes que o pessoal vá embora, a gente está nessa luta e a gente vai continuar para conquistar as coisas que a gente quer, porque a gente mora ali primeiro que está empresa. A empresa veio depois”, relatou.
Os moradores estão organizando uma manifestação para o final desta semana, planejando fechar as duas entradas de acesso à estação, caso não recebam uma resposta positiva da Corsa nos próximos dias. “A gente não quer que aconteça uma tragédia, por isso estamos buscando esses direitos e tentar resolver da melhor maneira possível”, concluiu Ferreira.
A reportagem do Grupo Arauto procurou a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) que, através de nota, fez uma manifestação. Confira:
A Corsan esclarece que não há um laudo técnico conclusivo que relacione a obra aos problemas estruturais apresentados nas casas próximas a construção da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) de Santa Cruz do Sul. O laudo do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do Ministério Público aponta que não se pode afirmar que foi a obra da nova ETA que provocou as modificações nas casas. O laudo aponta ainda que as residências foram construídas em área de suscetibilidade geológica com ocorrência de expansão do material durante as chuvas como as que ocorreram em maio no RS, data a partir da qual aumentaram as reclamações dos moradores sobre as modificações nas casas. O laudo da Defesa Civil também aponta não ser possível relacionar a obra aos eventos nas residências. Não havendo, portanto, nenhum parecer técnico que evidencie que a obra da Corsan causou os estragos nas residências.
Quanto as reclamações de danificações nas ruas, a Companhia informa que já modificou o trajeto dos caminhões e máquinas pesadas para diminuir o impacto na mobilidade urbana e incômodo dos moradores próximos a obra. Essa obra está 80% concluída e já foram investidos R$ 31 milhões dos R$ 38,7 milhões previstos.
A nova ETA de Santa Cruz do Sul é uma das maiores obras que a Corsan está realizando no Centro do estado. A construção irá beneficiar os mais de 133 mil habitantes da cidade e foi projetada para atender o crescimento imobiliário e populacional. Quando estiver em operação, a nova ETA terá capacidade de tratar 800 litros de água por segundo. A estação atual trata 550 litros de água por segundo. Toda grande obra gera um impacto temporário para posteriormente gerar um benefício permanente para toda a população da cidade.
Todos os projetos da Corsan – tanto para abastecimento de água como para coleta e tratamento de esgoto – estão direcionados à universalização do saneamento básico previsto pelo Marco Legal do Saneamento, estabelecido por lei federal. Até 2033, 99% da população deverá ter acesso à água potável e 90%, à coleta e ao tratamento de esgoto. Para alcançar esta meta nos 317 municípios que atende no Rio Grande do Sul, a Corsan planeja investir R$ 1,5 bilhão por ano até lá.
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