LUZ NATURAL

Economista aponta impactos econômicos do possível retorno do horário de verão

Publicado em: 12 de setembro de 2024 às 14:24 Atualizado em: 12 de setembro de 2024 às 14:24
  • Por
    Emily Lara
  • FOTO: ARQUIVO / PORTAL ARAUTO
    compartilhe essa matéria

    Segundo Silvio Cezar Arend, a medida tem como objetivo principal suavizar os picos de consumo de energia

    O Governo Federal, através do Ministério de Minas e Energia, está avaliando a retomada do horário de verão no país. Em entrevista ao Grupo Arauto, o economista e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Cezar Arend, apresentou os possíveis impactos econômicos da medida.

    Conforme explica o economista, a energia elétrica não pode ser armazenada. À medida que é consumida, ela deve ser produzida em tempo real. E com a escassez de chuvas, elevação da temperatura e o agravamento da seca, isso pode ser um problema, pois a maior parte da energia do país depende de usinas hidroelétricas, ou seja, da água.

    Segundo Arend, o horário de verão tem como objetivo principal suavizar os picos de consumo de energia. Quando as pessoas saem do trabalho e vão para casa, ligam seus aparelhos, gerando um pico de demanda muito alto no final do dia. Assim, o horário de verão resultaria em um maior aproveitamento da luz natural. “A lógica é essa. Descasar para facilitar o fornecimento de energia para toda a população e para as indústrias”, disse.

    O economista ressalta que a medida impacta também na conta de luz final do consumidor, uma vez que se o reservatório de água está baixo, seria necessário acionar outras fontes de produção, normalmente a termoelétrica, que além de mais cara é poluente, agravando o problema ambiental. “Então a lógica do horário de verão é descasar estes momentos de pico, com isto você não precisa acionar a energia termoelétrica, nem investir em novas usinas para dar conta a esses picos de consumo e que depois vão ficar ociosas. […] Do ponto de vista econômico não faz sentido fazer um investimento desse tamanho”, pontua.

    Arend estima que o impacto do horário de verão na economia pode representar cerca de 0,5% do PIB. Ele afirma que embora esse número possa parecer pequeno, quando convertido em reais, representa um valor alto. “Não é uma economia desprezível. Meio por cento é pouco, mas se você transformar isso em reais, da para ter uma ideia de quão importante é essa medida para a economia do país”, afirma.

    Além disso, o economista aponta que o horário de verão pode contribuir para a segurança energética, evitando o risco de apagões e racionamentos em períodos de estiagem, quando os níveis de água dos reservatórios estão baixos. “Se nós não cuidarmos com o uso de energia, uma hora vai faltar. Vai voltar o problema de apagões. Mesmo na condição normal, sem problemas de seca, se a economia cresce eu tenho que aumentar a oferta de geração de energia”, finalizou.

    Entenda:

    O horário de verão, que avança em uma hora em relação ao horário oficial de Brasília, foi criado no país em 1931. Ele funcionou continuamente de 1985 até 2019, quando o governo de Jair Bolsonaro decidiu revogá-lo, alegando pouca efetividade na economia energética. A medida era adotada anualmente em partes do Brasil para diminuir o consumo de luz.