Professor e pesquisador da Unisc, Marcelo Luis Kronbauer, fala sobre Protetor das Águas implementado em 2011 no município
Implementado em diversos municípios da região, o programa Protetor das Águas foi implementado, inicialmente, em Vera Cruz, em 2011. O objetivo, naquele momento, era tratar de problemas relacionados a recursos hídricos e abastecimento da população. Professor e pesquisador da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Marcelo Luis Kronbauer explica que o trabalho teve início a partir de uma indicação do Comitê de Bacias, existente dentro da instituição, e que mapeou locais de Vera Cruz, que estavam apresentando escassez hídrica.
“Se escolheu o município por isso, porque havia recurso hídrico que era estratégico para o município, mas também se tinha problemas relacionados a quantidade e forma de abastecimento. Além disso, naquele momento existia uma preocupação em garantir água para novos loteamentos”, relembra. A partir dessas ações iniciais, um possível patrocinador se apresentou e teve início os debates para implementação da iniciativa.
Kronbauer conta que os integrantes do projeto batiam de porta em porta, buscando conversar com os produtores rurais e explicar como se daria o funcionamento do Protetor das Águas. “Os agricultores estranhavam o fato de que iriam receber para realizar a proteção de nascentes e cursos de água. Havia uma resistência grande e até um medo com relação a algum golpe”, destaca. No entanto, com o passar do tempo, o grupo foi vencendo as barreiras e teve início, de fato, a implementação da proposta.
Leia também
Após mapearem e conversarem com os produtores rurais da região delimitada, os integrantes apresentavam uma proposta de preservação, que poderia ou não ser aceita pelo produtor rural. “Nada nunca foi imposto. Há uma construção de diálogo visando beneficiar a todos. Quando eles aceitavam, realizamos o contrato estabelecendo a forma de trabalho e o pagamento para o produtor.”
A proposta deu tão certo que foi expandida para outros municípios, como Santa Cruz e Venâncio Aires. Além disso, atualmente, em Vera Cruz, há uma lista de espera dos produtores interessados. “Saímos de uma condição onde quase ninguém queria entrar no programa para hoje tem lista de espera. É um programa com 13 anos e hoje estamos colhendo resultados, nós e os produtores que são os principais atores neste processo”, celebra o pesquisador da Unisc.
Pós-enchente
Com relação ao trabalho já desenvolvido e as enchentes registradas no mês de maio na região, o professor e pesquisador Marcelo Luis Kronbauer salienta que quando se trata de eventos climáticos não há uma solução mágica, mas, sim, ações que podem ser desenvolvidas de forma conjunta. Uma delas, segundo ele, é a recuperação da margem dos cursos de água. “Porque quando a água escoa em um curso da água e eu tenho uma vegetação em uma faixa adequada, com porte adequado, isso contribui com o processo de ir “freando a água” e evitando que ela ganhe velocidade”, explica.
Kronbauer destaca que após o período da enchente, o grupo visitou produtores que foram afetados, mas integram o projeto Protetores das Águas. Conforme ele explica, a diferença entre as propriedades que aderiram as propostas e as que não integram são muito grandes. “A inundação foi significativa nos nossos produtores, mas percebemos que mesmo que o nível tenha subido, a vegetação cumpriu seu papel e, com isso, o nível da água seguiu seu curso. Ajudou e muito a manter vários locais bem estáveis e com menor nível de dano.”
Para o pesquisador, o programa servirá como uma grande diferença para o futuro e para o debate de novas ações. Ainda, para ele, este é um tema que deve ser articulado de forma conjunta, não pensada individualmente pelos municípios, com apoio da iniciativa privada e de órgãos educacionais.
Notícias relacionadas

Neuropsicóloga compartilha experiência em palestra sobre autismo
Evento, que ocorre na próxima quarta-feira, no Auditório Memorial da Unisc, é gratuito

Parque da Cruz recebe 15ª Caminhada da Paixão de Cristo nesta sexta
Os participantes percorrerão estações que simbolizam a Via Sacra durante um percurso de 4,5 quilômetros

Do tempo da casquinha que quebrava
Lembro como se fosse hoje da dificuldade que tive em encontrar, certa feita, meu ninho escondido num milharal. Acho até que mais legal do que o chocolate que estava dentro era a tarefa da caça ao tesouro

Direto ao Ponto – Anderson Dick, CEO e Fundador da FuelTech
Estratégia adotada para driblar tarifaço de Donald Trump nos Estados Unidos