Vamos falar de IA?

A Inteligência Artificial está aí para quem quiser fazer (bom) uso dela. Muito melhor do que criticá-la, é inteligente, com o perdão da redundância, nos unirmos a ela, estudando e entendendo cada vez mais sobre o assunto e como pode auxiliar no nosso dia a dia. Afinal, ela deve vir para somar em nossas atividades.

Uma notícia que me deparei na última semana me chamou especial atenção. A organização internacional Human Rights Watch divulgou no dia 10 de junho que identificou o uso de fotos pessoais de crianças e adolescentes brasileiros para treinamento de ferramentas de IA. Foram encontradas 170 fotos de crianças de pelo menos 10 estados (entre os quais o Rio Grande do Sul), que retratam momentos pessoais, tais como nascimento, aniversário, apresentação em escola. Essas imagens que a gente tem alegria em compartilhar nas nossas redes sociais, especialmente.

Segundo informado, o percentual é baixo diante do tamanho do acervo do banco de imagens, que ultrapassa 5 bilhões. Contudo, fica o alerta.

São fotos simplesmente copiadas sem qualquer autorização. Significa que grandes empresas podem estar pegando imagens de crianças para alimentar bancos de dados e criar novas tecnologias sem o conhecimento dos pais.

A inteligência artificial permite a criação de imagens e cenas realistas, gratuitamente e de forma fácil. E muitas fotos são usadas de base para esta criação.

Segundo a Human Rights Watch, as fotos das crianças brasileiras não estão disponíveis por meio de pesquisa on-line e foram postadas há anos – algumas há mais de uma década -, até mesmo antes da criação do banco de imagens. O acesso a elas pelas ferramentas de IA revela que houve falha em proteger a privacidade dos usuários nas plataformas onde estão publicadas.

Você publica fotos dos seus filhos nas redes sociais? Eu também! Estas imagens podem ser copiadas e, inclusive, manipuladas. Retomamos o assunto da exposição de fotos dos nossos filhos e sobre todos os cuidados que devemos ter, especialmente sabendo que o risco existe, sim.

Vale lembrar algumas orientações básicas de especialistas, como evitar compartilhar fotos e vídeos que deixem a criança em situação desconfortável ou que ela fique envergonhada. Afinal, ela vai crescer e pode causar constrangimento na adolescência. Em menor escala, é o mesmo caso da sua mãe mostrando o álbum de fotos da família para as visitas.

Evite também fotos da criança nua ou mesmo com pouca roupa. Tudo pode ser retirado de contexto. Não detalhe a rotina da criança e, preferencialmente, não exponha onde ela mora e estuda, situações que podem facilitar a sua localização.

Lembre-se de ouvir a criança, se ela gosta de determinada foto, se gostaria que mais pessoas vissem. Opte por perfis privados, especialmente se a própria criança tiver uma conta. Ainda que eles não anulem os riscos, você pode e deve ficar atento sobre as publicações e o seu alcance. Regras relacionadas ao uso da tecnologia precisam ser criadas pelos pais.

É tanta informação e cuidado que pode até assustar. Mas, com IA ou não, devemos lembrar que no mundo real e no virtual é nossa responsabilidade orientar e zelar pela segurança dos pequenos.