As cenas do Bom Jesus tomado pela enchente chamam a atenção e para quem vive às margens da ERS-409, possivelmente se tornem inesquecíveis. A imensidão da água sendo emoldurada pelas tipuanas que formam o túnel verde, um dos elogiados cartões postais de Vera Cruz, foi um dos primeiros registros desta enchente feitas pelo Nosso Jornal.

Mas e se além de belo, o túnel verde tenha papel importante também para o meio ambiente, contribuindo para evitar prejuízos ainda maiores junto à rodovia? Na opinião técnica do engenheiro agrônomo Ricardo Konzen, coordenador do Departamento Municipal do Meio Ambiente (DEMA), “com certeza as tipuanas tiveram uma contribuição significativa para manutenção da pista”. No entanto, seria superficial dizer que somente por causa das tipuanas é que houve maior conservação do trecho e do asfalto.

Seria preciso, explica Konzen, fazer um estudo técnico mais detalhado, analisando todas as contenções que existem ao longo da pista, barreiras, enfim, outras contribuições. “Mas que as tipuanas tiveram, sem dúvida nenhuma, uma avaliação positiva na contenção da pista, isso não temos dúvida nenhuma”, frisa o Coordenador do DEMA.

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A reflexão partiu do ex-prefeito e presidente da cooperativa Sicredi Vale do Rio Pardo, Heitor Álvaro Petry. Foi em 1997, enquanto era prefeito, que as tipuanas foram cultivadas ao longo da ERS-409, com o propósito do embelezamento da entrada da cidade. “Passados mais de 25 anos a gente percebe que este objetivo foi atingido, mas um objetivo não previsto na época foi também atingido”, destaca. Ao acompanhar de perto, enquanto aguardava a liberação da 409, Petry caminhou nas laterais e percebeu que ocasionou um dano maior e interrompeu o trânsito nos pontos onde não tinha as árvores tipuanas. “Estou convencido de que o asfalto se manteve graças às tipuanas. A Prefeitura já recolocou material, de terra, e as raízes novamente foram cobertas. Mas a água chegou a lavar tanto que as raízes das árvores ficaram expostas, mas garantiram a manutenção do aterro. Estou certo de que se não fossem as tipuanas, aquele aterro de Vera Cruz a Santa Cruz teria alguns trechos em que seria totalmente destruído, a exemplo do que aconteceu lá em Mariante”, sugere.

Sustentação do solo

O geólogo José Alberto Wenzel explica que o enraizamento das árvores permite maior sustentação do solo ao tempo em que proporciona a infiltração de águas. “A própria copa das tipuanas e a disposição de seus galhos diminui os impactos torrenciais”, explica. Wenzel aproveitou a relevância do tema e consultou uma bióloga, que concorda com a ideia e que frisou que as árvores acrescentam importância em zonas de APPs (Áreas de Preservação Permanente). A análise vera-cruzense merece mais estudos, considera o geólogo, mas evidencia com clareza que as raízes agem na sustentação do solo, contribuindo na proteção e resiliência frente aos fenômenos climáticos cada vez mais frequentes.

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