Nesta edição, o Arauto Saúde foi até a clínica da psicóloga Isabel Vargas Witczak para conversarmos sobre este momento pós-enchente que vem mexendo com o psicológico de todos que passaram por alguma situação de perda assim como aqueles que se envolveram em resgates ou auxiliam como voluntários.
Isabel, essa tragédia afetou o estado todo, ainda estamos sentindo muito, mas é preciso seguir e dar continuidade à vida. O que pode ser feito para superar este momento e continuar, apesar das perdas?
Acredito que a primeira coisa que temos que pensar é que estamos vivendo um momento atípico, com dificuldades de várias ordens, questões emergentes que podemos estar auxiliando, uma escuta, um abraço, uma acolhida. O atendimento psicológico hoje não se dá de forma clínica, ele se dá em forma de abraço, de ajuda, seja alcançar um copo d’água ou auxiliar as pessoas de alguma forma.
Temos muita gente atuando de forma voluntária. Essas pessoas precisam estar preparadas para encarar os problemas extremos, além de também precisarem cuidar de si.
A pessoa que está ajudando também precisa ter o entendimento da necessidade do seu cuidado. O autocuidado é super importante por que os voluntários, profissionais ou não, também precisam de ajuda. Ele muitas vezes está passando por algum processo próprio, pode ter perdido algum familiar, viver alguma outra situação. É preciso avaliar se a pessoa tem condições de ajudar os outros, se está conseguindo fazer um bom trabalho lá na ponta.
Qual é a importância da união das pessoas, da igualdade, do sentir?
A questão da igualdade, penso que sempre deveríamos ter. Nesse momento mais ainda, porque a questão da humanização, de acolher a quem quer que seja com humanização realmente está fazendo a diferença na vida de qualquer pessoa que necessite de ajuda.