Na infância escutava que religião, time de futebol e partido político eram assuntos que não deveriam fazer parte de uma boa conversa pois, na divergência da opinião sobre os mesmos, uma discussão tornar-se-ia iminente em vez de um debate.
O momento atual tem nos levado cada vez menos a debates pois a maturidade para o confrontamento de ideias e ideais está cada vez mais longe. Cada um parece viver seu mundo, esquecendo que existem “outros mundos”, outras realidades, outras variedades e que a harmonia necessária e tão escassa sempre foi e será o caminho para o crescimento e bem-estar da humanidade.
“Tá osso” diria meu filho mais novo; “pura bucha” o mais velho; pois aqui em casa trabalhamos e conversamos sobre valores, convivência humana, relações interpessoais e quando o assunto é “no que você acredita?” a conversa interessa. Por vezes temos a percepção de estar na contramão mas entendemos que a vida é feita de escolhas e precisamos escolher; não dá para ficar no muro.
A questão é que escolher em quem o no que acreditar é tarefa difícil pois a “sociedade do ou” tem massacrado e torturado a “sociedade do e”, sabe? Simmm, somos diariamente bombardeados para ter que escolher, tomar partido, defender algo e assim por diante. Estamos sendo tolidos da possibilidade de conviver e compartilhar o que há de bom em cada maneira diferente de pensar.
Tudo se torna motivo, tudo se torna justificativa na ideia de que eu viva e conviva apenas com aqueles que pensam e sentem conforme a visão de mundo que eu tenho. É mais ou menos por aí que as coisas estão acontecendo. Lembrei da expressão “magoei”, por muito usada de maneira carinhosa para manifestar contrariedade ou decepção; pois é, estamos num período de constante magoar e, na minha percepção, isso está tornando tudo muito chato.
Muitos conhecem cada ponto e vírgula do seu código de direitos mas sequer lembram em qual prateleira da estante guardaram o seu código de deveres. A dualidade sempre foi perigosa quando não se tem a maturidade do pensamento para o entendimento do melhor caminho e, assim sendo, uma terceira via, aquela de conversa livre e direta sempre foi importante e é nesse ponto que comecei essa escrita pois é pela fé que encontro a maioria das respostas.
Pronto! Lá vem ele! Falou que religião não se discute e agora vem querer falar de Deus e seus milagres? Talvez, e digo apenas talvez, parte das pessoas possam pensar assim e vejo que é assim que começa a briga do “ou” e do “e”.
Jamais buscarei querer provar minha verdade mas apenas busco ser melhor para fazer melhor e ajudar a humanidade a viver melhor. Já vivemos muito para entender que não é um nome de um deus que vai mudar a história, mas sim o quanto acreditamos na mensagem que uma filosofia de vida prega e, mais ainda, o quanto praticamos aquilo em que acreditamos.
Tudo isso veio ao meu pensamento porque aqui em casa Budha, Jesus, Ganesha, Brahma ( não a cerveja, kkk), entre outros, estão espalhados e representados. A grande sacada é que na vida, por mais que algumas coisas, situações e momentos possam parecer contraditórios e lhe cobrem uma posição é possível parar e observar atentamente, com o coração.
Ter várias crenças, praticar diferentes rituais, rezar, cantar, reencarnar, ressuscitar, tudo é válido quando acreditamos que praticando com amor estaremos construindo um mundo de valor.
NÃO BASTA ACREDITAR, É PRECISO PRATICAR. No final, se é que ele existe, teremos aproveitado tudo de belo que nos foi oferecido nessa passagem por esse plano.
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