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Patrícia, a neta de dona Walme, seguiu seus passos e se tornou inspiração como feirante

Publicado em: 07 de março de 2024 às 16:51 Atualizado em: 10 de abril de 2024 às 17:03
  • Por
    Carolina Sehnem Almeida
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Carolina Almeida/ Jornal Arauto
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    "Sou uma porta-voz da feira e acredito ter me tornado inspiração para outras mulheres, tão nova assumindo tal responsabilidade"

    Quem é Patrícia Nichterwitz? Foi a primeira pergunta feita para a nova presidente da Associação Santa-cruzense de Feirantes, a Assafe. E praticamente a única, porque a jovem de 25 anos abriu, além de um largo sorriso, sua história, que inclui amor pela terra, pela produção de alimentos, pelo exemplo vindo de casa, pelo protagonismo feminino, pela vontade de inovar e se superar. Pois desde pequena, Patrícia acompanhava os avós, Walme e Edmundo Nichterwitz, na feira. Filha, sobrinha, nora e neta de feirantes, seu destino parecia estar traçado. “Me criei no meio da feira e digo isso com orgulho. Durante a semana tinha aula, mas aos sábados, fazia questão de acompanhar meus avós”, relata ela, ao dizer que seus pais são produtores de tabaco em sua essência, mas também possuem na feira seu foco na diversificação de culturas e renda.

    Naturalmente, Patrícia viu o desejo de ter sua própria banca na feira crescer. “Desde criança me perguntavam o que eu queria ser e fazer no futuro. Dizia sempre: ir para a feira”, diverte-se. Pois quando teve a oportunidade de ter a sua banca, ainda era menor de idade, e o pai assumiu o espaço. Ao completar os 18 anos, Patrícia não pensou duas vezes e foi escrever seu destino.  E quando se fala em destino, não é exagero. Foi em um evento entre feirantes que Patrícia conheceu Fabrício Beckemkamp, que veio a se tornar seu companheiro. Ela e o marido dividem a banca, ou melhor, os dois pontos que possuem, e atendem juntos aos clientes nas segundas e sextas-feiras. Foi graças à feira e à dedicação em produzir alimentos diversificados que o casal conquistou seu patrimônio, em Linha Travessa, e mantém boa qualidade de vida.
    Muito comunicativa, Patrícia soube aproveitar as oportunidades que lhe foram surgindo. Ainda adolescente, quando se tornou uma das soberanas da Lifasc, ela conheceu muita gente, estabeleceu novos contatos e garante: a experiência abriu muitas portas. Tanto que há pelo menos quatro anos integra a diretoria da Assafe, até assumir o maior desafio de sua trajetória.

    Foi em 15 de fevereiro último que Patrícia Nichterwitz assumiu a presidência da Assafe, com o objetivo de fortalecer o grupo com mais de 80 feirantes, além de estimular o consumidor a adquirir os produtos vindos da agricultura familiar. A nova gestora enxerga que sua juventude e a mente aberta para a inovação e a tecnologia, como a intensificação do uso de redes sociais para vender mais, agregam à Assafe. Em pouco tempo à frente da associação, ela confessa que já aprendeu muito sobre a gestão da entidade e das pessoas, o que promoveu seu amadurecimento. “A responsabilidade é grande, mas eu sempre gostei de desafios”, completa, assinalando que tem o apoio dos feirantes e sempre ouve os conselhos dos mais experientes, que mescla com sua visão inovadora e faz dar certo.

    Já acostumada a usar as redes sociais ao organizar o delivery de verduras, Patrícia acredita que todos os feirantes podem crescer ainda mais, assim como ela e o marido prosperaram. Se antes destas entregas a domicílio o casal cultivava de 10 a 12 tipos de produtos, depois eles passaram a produzir muito mais variedade, triplicou, surpreendendo o consumidor com a gama de opções. E apesar de ter nascido comunicativa, de uma família repleta de feirantes de Linha João Alves, Patrícia não parou no tempo. Confessa que já realizou mentorias para desenvolver ainda mais sua forma de bem atender o público. Afinal, ela acredita que é preciso se dedicar, se aperfeiçoar sempre para fazer bem o que gosta. “Minha inspiração vem dos meus avós, Walme e Edmundo. Eles me ensinaram desde cedo que era preciso aprender a trabalhar, economizar e gastar com sabedoria. Atender bem as pessoas, com carinho e sorriso”, reforça. A convicção de que continuaria sempre no campo, na sua terapia de lidar com a terra, se confirmou.Para Patrícia, a mulher  sempre dá conta, se organiza e assume mil papéis. “Tenho certeza que a mulher pode fazer o que quiser, é só correr atrás. Sou uma porta-voz da feira e acredito ter me tornado inspiração para outras mulheres, tão nova assumindo tal responsabilidade. As mulheres fazem a diferença com um toque especial, unindo a sensibilidade com a força”, traduz.