Um dia, um pobre e velho pescador decide se lançar em alto mar. Havia 84 dias que ele não conseguia fisgar nada, e a sua reputação e suas habilidades já começavam a ser questionadas.
Um dia, um pobre e velho pescador decide se lançar em alto mar. Havia 84 dias que ele não conseguia fisgar nada, e a sua reputação e suas habilidades já começavam a ser questionadas. Não havendo mais nada que soubesse fazer e, como que para comprovar a vida e a força que ainda existiam em si, aquele homem insistente parte em mais uma tentativa.
A ninguém – talvez nem a ele! – parecia que esta tentativa traria mais sucesso que as outras oitenta e tantas vezes. Em um determinado momento, em mar aberto, ele fisga o maior peixe que os seus olhos já haviam visto, e este oferece uma resistência brutal. Tem início aí a maior luta de sua vida: contra o peixe monstruoso, contra o mar, contra o tempo e contra si mesmo.
É esse o enredo do livro O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, que nos dá, além de uma belíssima história, algumas das melhores demonstrações de virtudes que se pode encontrar na literatura, como a humildade e a força nas adversidades.
Em muitos momentos da nossa vida, diante da dor, do sofrimento e da frustração, como no caso do velho Santiago, nós tendemos a questionar:
"Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso?"
Os negócios não vão bem; os planos falharam todos; alguém nos fez mal; há uma doença; acontece a morte de um parente; surge um problema grande e inesperado que parece não ter solução… Tudo isso pode causar desespero ou revolta e nos empurrar a desistir de tudo, enrolando nossa vida em uma sequência interminável de fracassos, que lhe dão a forma da vela daquele velho pescador: "remendada em vários pontos […] e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma DERROTA PERMANENTE."
Mas é justamente nestes momentos que entram a humildade de aceitar a própria miséria e a fortaleza para resistir, sabendo que o único sofrimento que não acaba é aquele que se vive na eternidade. Pois a derrota autoimposta é a própria destruição. Ela só acontece quando decidimos sucumbir, por falta de força e humildade, a desesperança.
Afinal, como Santiago diz a si mesmo no livro:
"O homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado."
Autora: Taiguara Fernandes