Jesus não passou, exatamente porque soube passar! A frase pode soar confusa, mas foi a passagem dele da morte para a vida que faz com que Jesus não passe nunca, nem Ele nem as suas palavras.
Jesus não passou, exatamente porque soube passar! A frase pode soar confusa, mas foi a passagem dele da morte para a vida que faz com que Jesus não passe nunca, nem Ele nem as suas palavras. A vida é páscoa-passagem do bem para o mal e do mal para o bem, de um lado para outro, de igreja para igreja, de estado para estado e de vida para vida.
Poucas pessoas ficam na mesma situação. Mudam para a verdade ou para o erro, para pior ou para melhor. Para o ser humano as coisas mudam desde quando nasce até o seu ultimo dia. Algumas mudanças ele mesmo escolhe. Outras ele tem que assimilar porque independem de sua escolha. Os judeus celebravam a passagem do mar vermelho, como quem venceu o período da escravidão e superou a dominação; era a passagem da vida na opressão, para a vida em liberdade. Não se trata, portanto, só de atravessar o mar ou atravessar o rio, ou de fazer uma mudança física. Trata-se de uma mudança profunda que faz toda a diferença: de escravos para homens livres, construindo sua própria pátria e sem ninguém, exceto Deus, a mandar neles.
Para nós a Páscoa é a de um homem torturado, morto e sepultado, para um homem ressuscitado, provando que ele era quem disse ser: Filho de Deus. Ele predisse e cumpriu. Para nós a festa da páscoa é vitória sobre a morte, sobre o pecado, sobre a escravidão. É festa de libertação de todos, festa de quem celebra o Senhor Jesus, como certeza de que a humanidade sobreviverá ao terrorismo que sob todas as formas a ameaça. Haverá um céu, um novo céu, e haverá uma Terra renovada e em paz. Crer na ressurreição de Jesus Cristo e, portanto, na Páscoa – a passagem – é crer que o homem tem conserto. Não está tudo perdido, Jesus ressuscitou.
Páscoa da ressurreição são dois substantivos que a Igreja costuma colocar juntos, porque sabe que existem outras páscoas; a da infância para a adolescência; da adolescência para a juventude, da vida de solteiro para a união do matrimônio, da tristeza para a alegria. Todas as passagens de um estado de vida para outro, de uma situação de vida para outra, do pecado para a conversão, são páscoas. Quando a Igreja acrescenta o substantivo páscoa da ressurreição, está falando da passagem de Cristo da morte para a vida. É a passagem das passagens.
A Páscoa lembra que um dia será a nossa vez, de morrer e ressuscitar. São Paulo magistralmente analisa este acontecimento dizendo que, um dia, nós também ressuscitaremos com Cristo. É tudo meio obscuro, mas um dia vai ficar claro, só que teremos que fazer essa passagem e Paulo diz, com outras palavras: “Não quero que vocês fiquem tristes, se lamentando pela morte. Porque nós somos chamados a uma vida eterna”. Para ele, a morte é apenas uma passagem, um túnel escuro, mas que pode ser iluminado pelas luzes da fé que, certamente, vai nos conduzir para o outro lado dessa mesma estrada que é a vida.
É profundo o pensamento de que, da ressurreição de Jesus nós derivamos a nossa ressurreição e da passagem de Jesus derivamos a nossa passagem. Um cristão não deve ter medo da morte. São Francisco a chamava de “irmã morte”. Também não se deve procurá-la. Quando ela vier será um momento de libertação. Seguro de que ele não vai cair num nirvana ou no aniquilamento, o cristão sabe que vai encontrar o seu Salvador Jesus Cristo e viverá nele e no Pai para sempre. Deus nos cria uma vez e para todo o sempre. Não voltaremos ao nada, até porque não viemos do nada; viemos de Deus. Isso é a Páscoa.
Padre Zezinho