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Como fazer o outro se sentir valorizado?

Publicado em: 06 de junho de 2023 às 08:34 Atualizado em: 06 de março de 2024 às 12:00
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Como eu posso agir para que o outro perceba que eu o valorizo?

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Como eu posso agir para que o outro perceba que eu o valorizo? Há uma coisa fundamental – uma coisa que, se conseguirmos trabalhar diariamente, nos ajudará a vencer nos nossos relacionamentos. Que coisa é essa? É a atenção.

Parece muito simples, mas a atenção é o primeiro marco de que estamos valorizando o outro. Uma pessoa que recebe atenção naturalmente vai se sentir valorizada. Não precisamos de grandes recursos para que possamos fazer com que o outro note que o amamos. Há um livro do Gary Chapman chamado “As cinco linguagens do amor”. É um livro muito bom, recomendo que vocês o leiam. Esse livro ensina que cada pessoa tem um modo distinto de reconhecer o amor, de reconhecer que está sendo amada, que está sendo valorizada – seja seja pelos presentes que podemos lhe dar, seja pelas palavras afirmativas que lhe dirigimos, seja pelos serviços que lhe prestamos.
Isso tudo é verdade, o Gary Chapman está certo. Mas há uma coisa que é anterior a todas as cinco linguagens do amor, que é a atenção. Por exemplo, uma das linguagens do amor que Gary Chapman sinaliza no livro é “dar presentes”. Muitas pessoas se sentem valorizadas quando recebem presentes. Mas acontece o seguinte: antes desse presente, é preciso que exista um esforço de estar atento, de estar presente. No nosso idioma podemos fazer um trocadilho útil: muitas vezes a pessoa não quer presente, mas presença; ela não quer ganhar um presente; quer, sim, ganhar a nossa presença. Presente e presença são coisas que a gente sempre tem de trabalhar para que aquele presente que oferecemos seja reconhecido como um valor. Muitas vezes, antes de dar o presente para alguém, temos de ter oferecido nossa presença. E isso nós oferecemos através da nossa atenção. Conheço muitas mulheres que dizem: “Fulano me deu um presente só para compensar um erro antigo.” Ou seja, a pessoa não consegue valorizar o presente que está recebendo porque sabe que a outra pessoa não lhe dispensou a atenção necessária.
A dica muito clara que darei hoje é a seguinte: como garantir que estamos presentes em uma relação – seja com um amigo, com um filho, com nosso marido, esposa, namorado, namorada?  A resposta é: se conseguimos lhes dar atenção. Como podemos notar se estamos dando atenção ou não? A primeira providência é tomar posse da totalidade da nossa consciência quando entramos em uma relação humana.
Existe um outro exercício que talvez possa dar uma métrica mais palpável. É algo que está à mão de todo mundo. Todos nós temos um smartphone hoje em dia, não é? E não há nada que roube mais nossa atenção do que isso. Quando vamos interagir com qualquer pessoa, temos de nos policiar bastante quanto a isso. Porque a todo momento aparece um pop-up: três, quatro notificações aparecendo no Whatsapp. E você fica aflito: “Será alguém precisando de mim? O que está acontecendo?” Ficamos desatentos. Assim, não conseguimos envelopar a outra pessoa com toda a nossa atenção, com tudo o que ela merece.
Por isso, quero propor um desafio para quando você for a um almoço ou a um jantar com seu filho, com sua esposa, com seu marido: deixar o celular no carro. Pessoal, ninguém morre. Deixar o celular no carro e estar ali, na totalidade, com a pessoa que está à nossa frente. Isso pode doer.
– “Não, não consigo. Não consigo deixar o celular no carro, vai que…”  Esse “vai que alguém precisa” é que acaba matando as relações que estão na nossa frente. Por causa desse “vai que alguém precisa de mim”, você acaba não dando atenção para alguém que de fato precisa de você e está na sua frente: seu marido, sua esposa, seu filho, sua filha ou um amigo que está precisando de você.
Este é um desafio: convide seu marido ou sua esposa para jantar. Peça a alguém pra ficar com os filhos, se for possível. E aí você deixa seu celular no carro e não entra com ele no restaurante. Ou, se vocês forem pedir uma comidinha em casa, deixe o celular na gaveta de um cômodo. E vocês vão ver que uma hora e meia, duas horas, sem o celular por perto, dá uma qualidade de interação magnífica.
Para podermos amar com a totalidade do nosso espírito, temos de envelopar o outro com a totalidade da nossa atenção. Deste modo a pessoa se sentirá valorizada, porque de fato a estaremos valorizando. Não se trata apenas do sentir; isto é algo do ser. Muitas vezes a pessoa não se sente valorizada porque não está sendo valorizada mesmo.

Ítalo Marsili