Troca de correspondências envolveu estudantes da Guilherme Fischer e escola São João, de Lajeado
Em um mundo tão conectado com a tecnologia, mensagens pelo celular se tornaram tão comuns que as novas gerações desconhecem como era a comunicação via carta, e a espera pela entrega dos Correios. Numa realidade em que tudo é instantâneo, a professora Simone Emmel, da Escola Guilherme Fischer, desenvolveu um trabalho diferente com sua turma do 4º ano. Em parceria com a professora Eduarda Finkler, da Escola São João, de Lajeado, os estudantes da mesma série dos dois municípios foram desafiados a escreverem cartas a serem trocadas. Foi um projeto de incentivo à escrita, explica Simone, em que cada aluno sorteou o nome de um colega da outra cidade, teve que se apresentar e falar sobre sua cidade e contar um pouco sobre si. “Parece algo bem simples, mas para a atual geração isso foi uma experiência muito interessante”, descreve, entusiasmada, a professora de Vale do Sol.
Além de cada criança escrever a carta, a turma aprendeu a dinâmica do envio ao fazer a entrega na agência dos Correios. E nesta semana, o alvoroço estava causado: chegaram as cartas de resposta, vindas de Lajeado. Passados cerca de 20 dias de espera, a expectativa para abrir a correspondência passou para a euforia. “Foi muito legal. Alguns até se emocionaram. Nem eu esperava tamanho envolvimento. Eles estão acostumados com o imediatismo das redes sociais, esperar a resposta foi muito difícil”, completou.
Os 23 estudantes de cada escola, na faixa de nove e 10 anos, depois de ler, se identificaram. “Tiveram muita vontade de se conhecerem pessoalmente. Algo muito na contramão do que estamos acostumados. As crianças estão muito isoladas e, neste caso, quiseram sair do virtual”, comemora a educadora. Em contato com a professora lajeadense, que está terminando o estágio no magistério, elas conversaram sobre as características das crianças. ”Víamos muita dificuldade em elaborar textos, motivar eles para a escrita. Por isso surgiu a ideia”, completou, lembrando que essa turma foi alfabetizada em casa, durante a pandemia as crianças estavam no primeiro ano.
A atividade tornou-se um projeto interdisciplinar, envolvendo língua portuguesa, geografia, história e artes. Junto da carta, trocaram uma lembrancinha feita por eles mesmos, um marca página, que trazia a seguinte mensagem: “A felicidade nos sorri quando lemos um livro, escrevemos uma carta e fazemos um amigo”. Desta forma, os estudantes dos dois municípios se conectaram, falaram de si, das coisas que gostam de fazer, das famílias. Da realidade diferente em que vivem. Mas algo muito comum também apareceu: quase todos jogam no celular e os mesmos jogos.
Uma realidade inevitavelmente presente nos dias de hoje. Mas com este exercício da escrita, da expectativa pela resposta e do desejo de se encontrarem pessoalmente, talvez um elo mais profundo tenha sido criado, bastou o empurrãozinho criativo das professoras.
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