Jornalista escreveu livro para explicar câncer ao filho

Há histórias que valem a pena ser contadas. Em alusão à campanha Outubro Rosa, existe um capítulo da vida da jornalista gaúcha, hoje radicada em Itapema, Santa Catarina, Fernanda Rosito, que merece ser compartilhado para dar suporte às famílias e elucidar os desafios que o câncer traz aos pacientes que estão em tratamento.

Em 2018, com 40 anos, Fernanda descobriu um nódulo embaixo da axila ao realizar o autoexame. Um tipo de tumor agressivo que, mais tarde, ela descobriu que se desenvolvia e se espalhava muito rápido. Paralelo a isso, ela vivia a realização de um sonho. Havia se tornado mãe e Enzo estava com apenas um um ano e oito meses quando aconteceu a descoberta do câncer.  Passou pela quimioterapia e cumpriu todos os protocolos do tratamento. “Primeiro foi um baque tremendo. Entrei em tudo que é grupo nas redes sociais e tive que sair. Eram só notícias ruins e sofrimento. Eu queria vida, queria luz, eu queria brilho, queria me curar”, confidenciou. 

A positividade que sempre foi sua marca fora colocada à prova quando exames pós-tratamento denunciaram outro diagnóstico: recidiva local (é quando o câncer volta no mesmo local onde existiu a primeira ocorrência da doença). Sem deixar a peteca cair, Fernanda seguiu o tratamento e, como o filho Enzo – hoje com sete anos – já frequentava a escolinha, se preocupou que o menino não fosse apontado. “Eu não queria nunca que olhassem para ele e dissessem: coitadinho, a mãe dele morreu de câncer”,  revelou, ao afirmar que aí estava a razão de sua força.

O tratamento seguiu movido pela esperança da cura. Mas as notícias seguintes não foram como Fernanda esperava. Constatou uma metástase óssea. Continuou a luta, mais quimioterapia e, em 2022, seis meses após a aplicação de um tipo específico de químio, exames revelaram que as quatro metástases ósseas permaneciam no corpo, só que somadas à outra no fígado. 

Enzo precisava entender 

Em nenhum momento, Fernanda pensou em entregar os pontos. A motivação era justamente o contrário. Em outubro deste ano, completa um ano de um tratamento que a curou. “Tenho que seguir fazendo a medicação por questão preventiva mas não tenho mais nenhuma célula tumoral no corpo”, comemora. 

E neste processo de cura, para que o filho entendesse o que passava com a mãe, Fernanda teve a ideia de escrever um livro intitulado O Suquinho da Mamãe, termo que usava para explicar a Enzo a quimioterapia. “É um livro ilustrado, colorido, com uma linguagem fácil e acessível narrada pelo próprio Enzo. Foi o instrumento que encontrei para mostrar a ele o que estava acontecendo porque ele percebia que a mãe estava mal, cansada, só dormia”, explica a autora. 

Além de elucidar o tratamento ao filho, a obra tem sido apoio para outras mães que também enfrentam o câncer. “Muitas, como eu, passam por isto”, frisa. 

Fernanda externa ainda o desejo de distribuir os exemplares nas escolas públicas para que a abordagem do tema possa ser tratada com a mesma naturalidade como ocorre. “Tenho planos de fazer a contação da história para as crianças. Quero que entendam de forma mais leve o tratamento”, diz. 

O Suquinho da Mamãe está à venda no site fernandarosito.com.br. A autora escreveu também Vida, eu Escolhi Brilhar, onde aborda com positividade o novo sentido para a sua existência.

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